Após ter seu IPO adiado pela segunda vez em 2021, o Banco Votorantim, recém rebatizado de BV, gerou especulações quanto a uma possível venda para alguma outra instituição financeira.
Já é público o interesse por parte dos controladores da companhia, o Banco do Brasil e o Grupo Votorantim, o desejo de realizar o desinvestimento no ativo, levando o mercado em geral a crer que o que falta para a venda é somente uma boa oferta.
O BV possui cerca de R$ 11 bilhões de patrimônio líquido, considerando o múltiplo de preço sobre valor patrimonial de outros bancos privados, especula-se que uma oferta deva avaliar a companhia próximo dos R$ 17,5 bilhões.
Entre os principais pontos que tornam o ativo atraente, estão sua posição de liderança no financiamento de veículos, rivalizando com o Santander (SANB11), além de diversas iniciativas digitais, a principal delas sendo sua participação no banco digital Neon, o qual também fornece infraestrutura.
Acreditamos que a aquisição pode fazer sentido para diversos tipos de companhias, desde os bancos tradicionais, querendo expandir sua posição em crédito, até fintechs buscando aumentar seu ecossistema de produtos e serviços, se aproveitando da sua facilidade para captação de recursos no mercado.
E Eu Com Isso?
A notícia ainda é altamente especulativa, podendo impactar o mercado de maneira mais concreta após alguma oferta seja feita.
Apesar disso, enxergamos o aumento no interesse pelo ativo como positivo para o Banco do Brasil (BBAS3), por isso acreditamos que a notícia possa impactar as ações do banco no curto-prazo.
Entre os principais nomes especulados para a compra do BV, temos a XP (XP: NASDAQ), que iniciou suas operações como banco mais recentemente.
Em nossa visão, a aquisição poderia ajudar a companhia a expandir de maneira acelerada sua oferta em alguns produtos, como crédito, no qual a companhia ainda possui uma oferta discreta.
Dito isso, os valores da transação e o modo de operar praticamente igual à um banco tradicional devem ser fatores que dificultem essa transação.
O BTG Pactual (BPAC11), principal concorrente da XP e que também vem iniciando suas operações no varejo, mais recentemente nos parece um candidato menos provável.
Isso porque aumentou recentemente sua participação no Banco Pan (BPAN4), com um projeto de diversificar as receitas do banco que já possui uma concentração proveniente de financiamentos.
Entre as instituições tradicionais, o Santander (SANB11) aparece como nome favorito, com uma possível consolidação da liderança no financiamento de veículos, porém é provável que uma possível aquisição gere problemas com o Cade, o que também torna o movimento improvável.
Entre as companhias mais inovadoras, acreditamos que a uma aquisição por parte da Stone (STNE:NASDAQ) é a que pode fazer mais sentido.
Recentemente, a companhia concluiu a compra 4,99% do Inter, iniciando uma parceria para expansão dos produtos de seu marketplace digital.
Uma aquisição em conjunto com o banco Inter poderia trazer sinergias interessantes para ambas as partes.
Entre outros nomes relevantes, o Nubank aparece com alguma força, porém é difícil acreditar que o banco vá realizar aquisição de instituições que operem de maneira mais tradicional.
Outros bancos privados de grande porte, como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), aparecem com menos força, uma vez que o financiamento de automóveis não parece ser parte do foco da estratégia das companhias e uma aquisição deste porte certamente geraria dificuldades com o Cade.
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