As companhias Biosev (BSEV3) e Raízen Energia (joint venture entre Cosan e Shell) devem anunciar nesta segunda-feira (08) a conclusão das negociações para a aquisição da Biosev, em um acordo que envolverá troca de ações e dinheiro. A companhia é parte do grupo Louis Dreyfus e é, atualmente, a segunda maior empresa de açúcar e álcool do país.
De acordo com os termos discutidos, a Biosev deverá ficar com 3,5 por cento de participação da Raízen, além de auferir mais 3,6 bilhões de reais em dinheiro, montante que será utilizado pela Louis Dreyfus para redução de sua alta alavancagem. Por fim, a Biosev ainda deverá ficar com uma participação de cerca de 1,5 por cento em dividendos a serem pagos nos próximos anos.
A negociação entre as companhias está ocorrendo há pouco mais de um ano, com a forte alavancagem da Biosev sendo o empecilho para a conclusão desta. Com dívidas de magnitude de 7,6 bilhões, a Raízen não queria carregar a alavancagem da concorrente em sua estrutura de capital, termos que estão sendo negociados desde então.
Na última safra, o faturamento da Raízen Energia alcançou 30 bilhões de reais e, o da Biosev, 7 bilhões de reais. Juntas, as companhias vão reunir mais de 100 milhões de toneladas em capacidade instalada no País, cerca de 15 por cento da moagem de cana do Centro-Sul.
E Eu Com Isso?
Embora os termos da transação, incluindo o valuation, não estejam confirmados publicamente e ainda dependam de parecer do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), julgamos a notícia favorável para ambas as empresas, com potencial impacto positivo no preço das ações (CSAN3 e BSEV3) no curto prazo.
Vale recordar que as tratativas preliminares entre as duas empresas oficialmente se iniciaram em setembro do ano passado, mas rumores sugerem que estejam em curso há mais de um ano. As conversas se arrastaram em função de complexidades da transação, como o endereçamento das dívidas da Biosev e o destino a ser dado a um terminal portuário exportador de açúcar controlado e operado por esta em conjunto com a Cargill.
De fato, ao se unir a um grupo financeiramente sólido com a Raízen, a Biosev terá condições de equacionar seu alto endividamento, que atualmente pressiona seus resultados e impõe riscos de refinanciamento não desprezíveis. Caso a oferta veiculada na notícia se confirme, envolvendo 3,6 bilhões de reais em dinheiro e 3,5 por cento em ações da Raízen, a Louis Dreyfus também será beneficiada, podendo reduzir sua alavancagem igualmente.
Paralelamente, a Raízen extrai valor da transação à medida que consolida sua posição de liderança no setor de açúcar e álcool. Estima-se que a companhia vai alcançar 15 por cento da capacidade de moagem de cana do Centro-Sul. Logo, a aquisição representa um avanço significativo para a Raízen, proporcionando maior escala e solidez para operar neste setor.