A Análise Técnica é uma das principais ferramentas utilizadas na hora de auxiliar o investidor em quais decisões tomar e em como interpretar possíveis tendências dos ativos no mercado.
Também conhecida como Análise Gráfica, essa estratégia permite que os investidores prevejam e analisem as tendências das ações por meio do histórico delas nos gráficos.
Em suma, esse modelo de análise pode ser definido como o estudo dos preços ao longo do tempo.
Popularizada pelo jornalista Charles Dow, o qual é fundador do Wall Street Journal e dá nome ao índice acionário Dow Jones, a Análise Técnica é tida como a ferramenta mais precisa para prever o futuro de determinado ativo.
A agilidade e objetivada na hora da análise são os principais aspectos que tornam esse método tão confiável e atrativo aos olhos dos investidores.
Os gráficos, meio por qual os dados são analisados na Análise Técnica, são usados para ilustrar em quais patamares os investidores costumam ficar mais otimistas ou pessimistas com um papel.
Sendo assim, a Análise Técnica tem se popularizado com o decorrer dos anos e cada vez mais é utilizada para quem quer fazer operações de curto prazo.
Como consequência da popularização da Análise Gráfica, há, atualmente, muitos iniciantes nesse universo de investimentos e operações de curto prazo.
A seguir, vamos ajudar você, investidor, a entender os 5 principais erros da Análise Técnica – e, é claro, ajudá-los a não os cometer.
Boa leitura!
Os 5 principais erros de iniciantes em Análise Técnica
Para utilizar esse método é preciso conhecê-lo bem e saber como identificar a tendências de determinado ativo.
Por isso, atente-se aos erros abaixo.
1) “Tô no lucro, vou vender”
Existe um campo de estudo chamado finanças comportamentais.
Ele tem como premissa-base a ideia de que os investidores não são completamente racionais, e sim possuem grande influência psicológica de alguns vieses comportamentais.
Um desses vieses é definido como “aversão a perdas”. Em suma, explicando de forma técnica, trata-se da popular crença de que “lucro bom é lucro no bolso”.
Em cima disso, muitos investidores decidem vender apenas pelo fato de estarem no lucro.
A aversão a perdas se dá pelo fato de os seres humanos tenderem a dar muito mais peso à dor da perda que ao prazer do ganho.
Dessa forma, investidores querem realizar ganhos rápidos.
Por outro lado, quando uma posição se encontra no negativo, eles tendem a segurar o máximo que podem esperando, ao menos, o retorno ao preço inicial, infringindo, por exemplo, a relação de risco retorno de 1 para 3.
Em resumo, nessa relação, o “ganhar muito e perder pouco” é facilmente identificado pela análise técnica – a única escola de investimento que permite mensurar riscos desta forma objetiva.
Por sua vez, quando a posição está no lucro, rapidamente, admitem estarem corretos e realizam o ganho tomando por base apenas o seu preço individual de entrada.
Nessa linha, os investidores se esquecem de todos os fatores macroeconômicos, microeconômicos, de fluxo de compras etc. de um determinado ativo, escolhendo, assim, colocar o lucro no bolso.
Porém, ao fazer isso, esquecem-se das condições. Se elas fossem, realmente, favoráveis àquele ativo, o potencial de ganho seria ainda maior.
E isso ocorrendo, ao verem, após sua saída do investimento, uma valorização ainda maior, ficam se martirizando.
Essa atitude acarreta outros erros operacionais, muito prejudiciais à perenidade dos investimentos no longo prazo.
Estudo prático
Nessa linha, um estudo prático foi realizado com dois grupos de investidores.
Em suma, esse estudo é bastante ilustrativo para o que comentamos acima. Dois problemas foram apresentados para dois grupos diferentes.
Veja só:
1. Além de tudo o que possui, você recebeu R$ 1 mil. Você deve, então, escolher entre:
- um ganho certo de R$ 500,00;
- uma chance de 50% de ganhar mais R$ 1 mil e 50% de chance de não ganhar nada.
A outro grupo foi apresentado outro problema:
2. Além de tudo o que possui, você recebeu $ 2 mil. Você deve, então, escolher entre:
- uma perda certa de R$ 500;
- uma chance de 50% de perder $ 1 mil e 50% de chance de não perder nada.
No primeiro grupo, 84% dos integrantes responderam a); no segundo grupo, 69% dos integrantes responderam b).
Os dois problemas são idênticos no que diz respeito à variação total do nível de riqueza. Porém, a maneira como eles são formulados gera a discrepância entre os dois resultados.
Diante da perda, as pessoas assumem riscos somente pela chance de não realizarem a perda.
Ou seja, com relação aos ganhos, as pessoas são avessas ao risco, mas diante da possibilidade de perder, as pessoas são avessas à perda.
2) “Eu vou tirar o stop porque não vai cair mais”
O mais comum e principal erro daqueles que começam a utilizar a Análise Técnica para operar consiste no ato de negligenciar o stop.
Em suma, investidores mais iniciantes não dão a real importância para este importante meio de gerenciamento de risco.
Claro que ninguém gosta de perder. Entretanto, quando iniciam a operação e determinam a perda máxima controlada, definida pelo ponto de stop, ficam mais confiantes em entrar na operação (seja ela de compra ou de venda).
Contudo, muitos dos iniciantes caem em uma “armadilha da mente”.
Isto é: tais investidores usam isto como um artifício de segurança para iniciar o trade. Porém, no momento em que o trade vai contra aquilo que inicialmente era esperado e os preços atingem o ponto de stop, a primeira atitude é descer ainda mais o ponto de stop.
Eles o fazem justificando que é apenas uma correção de curto prazo, que os preços irão voltar.
São diversos os casos que se repetem ao longo dos anos.
A história é, mais ou menos, assim:
“Acima desta resistência é interessante entrar, acima de R$ 64,40 vou comprar, coloco um stop em R$ 64,14 e o meu objetivo é R$ 65,12. A relação risco retorno é 1 pra perder e 3 para ganhar, vai ser o trade perfeito”.
Então, o iniciante consegue entrar na operação em R$ 64,48.
“Já deu certo, o papel tá indo rumo ao objetivo.”
Ocorre que o ativo, quase ao alcance de seu objetivo, 4 candles depois volta atingindo o stop.
Mas o trader quase teve a alegria do ganho.
E, aí…
Em suma, o racional estava correto e o papel subiu, então ele começa a justificar.
“Ainda não fechou abaixo do preço de stop, deve ser uma realização de lucros apenas, vou abaixar um pouco mais o stop que o papel já volta para o meu objetivo”.
E, então, ele abaixa um pouco mais o stop, tolera um pouco mais de risco, aceita um pouco menos de ganho… E esse tipo de indisciplina o mercado costuma penalizar no longo prazo. O “novo stop” é novamente atingido.
Isso foi algo que havia sido calculado para ele ter uma perda de apenas 0,40% e se transformou em uma perda de 1,27%.
Se tivesse comprado 1000 papéis, ao invés de perder R$ 260,00, o investidor perderia R$ 820,00.
Esse primeiro erro nos leva ao erro seguinte.
3) “Caiu bastante é hora de comprar”
Esse é um erro clássico também.
Vai contra o principal e, talvez, mais trivial princípio da Análise Técnica, que postula que um ativo permanece na tendência até que esta seja interrompida.
Então, o trader iniciante deduz: “essa empresa é boa, o balanço veio bom e caiu mais quase 10% no último mês, chegou a hora de comprar!”.
Então, já que ele não teve sucesso e sofreu grandes perdas, decide novamente fazer uma compra.
Assim, mais uma vez, confiante, coloca um stop mais longo e um objetivo ainda mais arrojado para compensar a perda anterior.
A falta de método e controle de risco faz, mais uma vez, a perda machucar o trader, que culpa a bolsa e não assume a responsabilidade pelos erros cometidos em sua especulação.
4) “O balanço divulgado veio bom, vou comprar”
O grande problema, aqui, está na forma como isso é identificado.
Primeiro, as pessoas leem só a manchete do jornal, ao invés de se debruçarem sobre os números para avaliar a qualidade daquele resultado. Há investidores que sequer compararam se as principais métricas de avaliação vieram maiores que o esperado pelo consenso de mercado.
Segundo, porque o timing disso é muito ruim. No momento em que a notícia é divulgada, o mercado já se debruçou sobre os números e já precificou aquilo.
Além disso, deve-se ter em mente que a empresa tem uma visão de longo prazo (princípio contábil da continuidade, premissa que a companhia continuará existindo por tempo indeterminado) e, assim, muitas vezes o resultado do trimestre, ou até mesmo do ano, se insere em um contexto muito mais amplo de estratégia para a companhia.
Por exemplo, um lucro não recorrente que pode ser extremamente positivo no curto prazo, não necessariamente terá reflexo nos próximos balanços.
Da mesma forma, uma estratégia de desinvestimento que traz menores receitas no curto prazo, porém mais foco em determinados projetos, pode gerar ganhos de margem no longo prazo. São “detalhes” que geralmente não ficam claros nas manchetes e fazem total diferença para a escolha do investimento.
Muitas vezes, os iniciantes acreditam ter a informação correta porque leram um pedaço da história no jornal e tomam medidas equivocadas.
Assim, combinam com algum ponto técnico, no gráfico, que reforce a ideia já preconcebida de que o papel irá subir e, consequentemente, entram em um falso rompimento de preços; ou contra a tendência em um determinado ativo, culpando assim, mais uma vez, a Análise Técnica que não foi capaz de “prever o futuro”.
5) “Confio no meu taco, sei dos riscos”
Diversos estudos comprovam a autoconfiança excessiva na maioria da população mundial. Pessoas supervalorizam suas habilidades como motorista, senso de humor, relacionamento, habilidades profissionais etc.
Além de confiar demais em suas habilidades, os investidores acreditam que suas informações são melhores e mais confiáveis que as dos outros, o que é muito perigoso.
Em uma negociação de compra e venda, as duas partes envolvidas possuem informações diferentes, possivelmente contraditórias e, confiando nelas, assumem posições contrárias em que, obviamente, os dois lados não podem estar inteiramente com a razão.
Essa oposição de informações, segundo Odean (1998a), deveria fazer com que os investidores refletissem e realizassem somente negociações nas quais tivessem segurança na obtenção de bons resultados.
Porém, a confiança exagerada em suas habilidades e informações faz com que eles tenham uma tendência a realizar um volume de negócios excessivo.
É evidente que se isso ocorresse, não teria mercado e a economia seria uma ciência exata e não humana.
Contudo, ter o conhecimento de que isto é uma característica inerente ao ser humano, e saber avaliá-la no exato momento dos investimentos, nos faz questionar se não é a mente pregando uma peça de autoconfiança em nós mesmos.
Essa percepção tende a nos trazer maior clareza a respeito dos reais riscos envolvidos com aquele investimento, relacionamento, decisão no trabalho e assim por diante.
No ponto específico de utilização da Análise Técnica, não podemos jamais ter os princípios, por mais sólidos e verificáveis que eles sejam, como algo 100% eficaz.
Aliás, nenhum modelo é 100% eficaz.
Esperamos que este material tenha ajudado você, investidor, a entender mais sobre Análise Técnica. Se tiver alguma dúvida, deixe seu comentário abaixo!