A holding Ultrapar (UGPA3) tem reformulado sua estratégia de atuação nos últimos dois anos, com foco na rentabilidade e na geração de caixa em vez da expansão acelerada de suas divisões de varejo e de distribuição. Com essa mudança, a companhia tem melhorado suas margens, porém abriu espaço para desinvestimento de sua divisão de especialidades químicas, Oxiteno, e da sua divisão de varejo farmacêutico, Extrafarma.
Recentemente a companhia contratou os bancos Bradesco BBI e Bank of America Merril Lynch para avaliar e encontrar compradores para os dois ativos. Além do foco na rentabilidade, a Ultrapar lançou oferta para a compra de uma das refinarias da Petrobras, de modo a focar em ativos ligados à energia e distribuição, complementando seu portfólio já composto por Ultragaz, Ipiranga e Ultracargo (braço de logística).
A Oxiteno conta com plantas no Brasil, Uruguai e Estados Unidos e está com uma estimativa de avaliação de 1,5 bilhão de dólares (cerca de 8 bilhões de reais nas cotações atuais do câmbio). Já a Extrafarma possui 408 lojas espalhadas por todo o Brasil, com grande parte no Norte e Nordeste e espera-se uma avaliação em torno de 1,5 a 2 bilhões de reais.
E Eu Com Isso?
Desde antes da mudança de estratégia do grupo Ultra, a Oxiteno já vinha sendo alvo de alguns players internacionais, com a companhia de químicos sendo a maior representante do segmento de especialidades químicas e única produtora de óxido de eteno no Brasil (importante componente para a cadeia de químicos).
Já a Extrafarma sempre foi o “patinho feio” do conglomerado, sendo adquirida em 2013 pelo grupo com a intenção de seguir na mesma linha de expansão acelerada, com o setor farmacêutico em forte crescimento na época, porém a companhia não obteve sucesso, terminando o ano de 2019 ainda com prejuízo operacional.
Para a Oxiteno já há sondagens de companhias como a LyondellBasell, a mesma companhia que demonstrou interesse pela Braskem em 2018, além de fundos de private equity como Advent e Carlyle e a Unipar (UNIP6), que recentemente terminou o seu plano de desalavancagem e está em busca de novos ativos para nova rodada de expansão.
Esse conjunto de transações e mudanças na Ultrapar é positiva para a companhia, que retoma o rumo de um negócio que alinha rentabilidade com crescimento sustentável, desinvestindo de ativos sem sinergia entre si, para incluir um ativo de grande porte que integra perfeitamente com as divisões mais rentáveis do grupo. Enxergamos um impacto positivo tanto no curto como no longo prazo para as ações da Ultrapar, conforme as negociações avancem.