Um estudo publicado pela consultoria RGS Partners mostra que o Brasil movimentou mais US$ 92 bilhões em fusões e aquisições em 95 transações entre 2010 e 2020.
Só no ano passado, o valor atingiu US$ 4,5 bilhões. Entre janeiro e maio deste ano, o valor de novos acordos fechados foi US$ 4,1 bilhões, próximo da cifra do ano passado inteiro.
Neste ano, dos nove acordos já fechados, três são com provedores de fibra ótica e um com empresa de cabo submarino. Vale notar que o acordo para a venda dos ativos de fibra ótica da Oi não entre nesta conta.
Apesar do acordo com o fundo gerido pelo BTG estar fechado, o leilão ainda não ocorreu oficialmente, embora seja improvável que o valor da transação seja diferente dos valores de lance mínimo acordado entre as companhias.
A chegada do 5G no País deve sustentar esse movimento de aquisições. A nova tecnologia requer uma infraestrutura de fibra ótica ampla.
No Brasil, esse mercado é dominado por empresas de menor porte, com caráter regional, também conhecidas como ISPs.
A movimentação do mercado também vem chamando a atenção de fundos de private equity. Eles estão comprando provedores e adquirindo ISPs menores para formar provedores de médio porte, em fusões que muitas vezes nem saem na mídia.
E Eu Com Isso?
O movimento de aquisições vem chamando a atenção das grandes operadoras, especialmente na fibra ótica devido ao 5G.
Acreditamos que o interesse de fundos de private equity esteja ligado a um movimento de consolidação ainda mais intenso por parte das grandes operadoras no futuro.
Para as principais empresas do setor é mais simples comprar e integrar provedores de porte maior do que comprar diversos provedores pequenos e realizar integrações mais complexas.
Assim que concluir seu processo de venda de ativos, a Oi (OIBR4), se tornará uma empresa puramente de infraestrutura, com uma rede de fibra ótica que vende seus serviços para outras empresas comercializarem o sinal.
A estratégia aqui é se consolidar focando quase exclusivamente na expansão da rede, deixando a comercialização para empresas menores e regionais.
A Vivo (VIVT3) vai manter sua rede própria e continuar sua expansão nos mercados que considera mais atrativos.
Porém, ela optou por alienar parte da sua rede para criação de uma rede neutra, fazendo um movimento muito semelhante ao da Oi.
Em parceria com um fundo canadense e a Vivo infra (empresa controlada pela Telefónica Espanha, que também controla a Vivo), a companhia vai focar em praças em que a competição é mais intensa, onde há menos interesse na comercialização.
A Tim (TIMS3) também decidiu montar uma parceria com uma empresa global de infraestrutura de telecomunicações, porém não mostrou a intenção de vender os serviços no atacado.
Sua ideia foi conseguir um parceiro para ajudar no alto montante de investimentos necessários para a expansão de sua rede própria.
A companhia entrou no mercado de internet fixa em um momento posterior, sendo a menor em número de assinantes entre as grandes operadoras.
A Claro (subsidiária da America Movil, maior companhia de capital aberto do México) é a líder de mercado como provedora de internet fixa, porém tem uma presença baixa na utilização de fibra ótica.
Nos próximos anos vai ser a empresa que mais sofrerá com a troca na tecnologia, atualmente, sua rede de cabo axial ainda consegue competir minimamente com a fibra, porém a tendência é que no futuro a diferença aumente.
Além das grandes, provedoras como a Unifique, de Santa Catarina, e a Desktop, do interior de São Paulo, já protocolaram registro com a intenção de realizar um IPO.
Com o crescente interesse do mercado, acreditamos que grandes fusões ou mais IPOs devem ocorrer ao longo de 2021 e 2022.
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