Na manhã desta segunda-feira (12), antes da abertura do mercado a Oi (OIBR3/OIBR4) anunciou a conclusão da maior transação de private equity já feita no país, com o acordo para que o fundo FIP Economia Real, gerido pelo BTG Pactual (BPAC11) e pela Globenet Cabos Submarinos, operadora de telefonia de atacado gerenciada por outro fundo do BTG tenham preferência no leilão dos ativos de fibra ótica da Oi, pertencentes a SPE InfraCo.
No acordo, o fundo controlado pelo BTG irá pagar 11,4 bilhões de reais em dinheiro para que o fundo FIP Economia Real detenha 51 por cento da companhia, além disso incorporou a Globenet Cabos Submarinos à transação, tendo seus ativos avaliados em 1,52 bilhões de reais, adicionando mais 6,8 por cento do capital votante para o controle do banco, totalizando 57,9 por cento e uma oferta de 12,9 bilhões de reais.
Com essa resolução e a oferta inicial já negociada, o leilão dos ativos de fibra deve ocorrer em um prazo de 60 dias. O fundo do banco BTG Pactual possui o direito de cobrir qualquer oferta de um concorrente pelo montante adicional de 1 por cento, considerando esse direito preferencial e pouco tempo de estudo necessário pelos concorrentes para fazer um lance, é improvável que haja outra oferta.
A empresa resultante do acordo terá a maior rede neutra das Américas, com aproximadamente 400 mil quilômetros de fibra ótica e mais de 5 milhões de domicílios aptos a ser conectados. Adicionalmente a companhia terá os 23,5 mil quilômetros de cabos submarinos da Globenet, conectando a rede com os Estados Unidos.
E Eu Com Isso?
O acordo marca uma das últimas etapas do processo de recuperação judicial na qual a Oi se encontra desde 2016, Durante o pregão, as ações da companhia abriram em alta e chegaram a apresentar alta acima de 3 por cento, porém fecharam em queda as ações OIBR3 com queda de 4,1 por cento e OIBR4 queda de 2,9 por cento.
Além da alta volatilidade que as ações da companhia possuem, acreditamos que a queda nos preços se deve em parte ao fato da parcela vendida ter sido acima dos 51 por cento esperados pelo mercado e no início das negociações pela companhia.
A Oi encerrou 2020 com uma dívida líquida de 21,8 bilhões de reais, considerando os valores que ainda tem a receber de leilões já encerrados dos ativos de data center, telefonia móvel e a oferta pelos ativos de fibra ótica a companhia deve receber mais do que o suficiente para sair da recuperação judicial e concluir seu processo de turnaround.
Apesar de continuar no mercado de telecomunicações, a Oi não poderá mais construir infraestrutura própria de rede, porque o acordo possui uma cláusula de exclusividade. Desta forma, a companhia será cliente da InfraCo e ofertar seus serviços utilizando a rede neutra.
Além desta cláusula o acordo foi encaminhado com um esboço do Conselho de Administração da nova InfraCo e pode marcar a volta de Amos Genish para o comando de operadora no Brasil. Ele foi fundador da companhia de internet e telefonia GVT, que foi posteriormente comprada pela Vivo (VIVT3), à qual também foi CEO e depois foi comandar a Telecom Itália, controladora da TIM Brasil (TIMS3). Atualmente Amos é sócio do BTG Pactual (BPAC11).
Enquanto a Oi vai utilizar somente a rede neutra, sua concorrente Vivo (VIVT3) fechou em março uma parceria com o fundo canadense Caisse de dépôt et placement du Québec (CDPQ) e Telefônica Infra (subsidiária da Telefónica Espanha, controladora da Vivo) para criação da sua rede neutra. No entanto, a operadora ainda vai manter a maior parte de seus ativos de fibra sob seu controle, fazendo apenas uma cisão parcial dos ativos para a parceria.
A Tim (TIMS3), por sua vez, está negociando um acordo de exclusividade com a IHS, companhia provedora de infraestrutura de telecomunicações com presença na África, Oriente Médio e América Latina para criação de sua parceria para os ativos de fibra. Apesar de também buscar uma parceira para ajudar nos investimentos, a companhia não pretende criar uma rede neutra para venda no atacado como a Vivo e a Oi.
Os negócios de fibra têm chamado a atenção do mercado por seus altos valores e múltiplos elevados. O recente acordo com da Vivo (VIVT3) com o fundo canadense teve um múltiplo EV/Ebitda de 16,5 vezes, a média do múltiplo de empresas de telecomunicações no mundo gira em torno de 6 vezes EV/Ebitda, evidenciando um potencial interessante de geração de valor para os acionistas do setor de telecom.
Acreditamos que as companhias de telecomunicações têm procurado parceiros para dividir o investimento no segmento mais atrativo para o mercado, banda larga fixa, enquanto se preparam para usar seu caixa para investimentos que serão necessários na telefonia móvel.
Ainda para esse ano é esperado o leilão das frequências de 5G, o que deve custar caro para as companhias, além de vir acompanhado de uma série de condições para implantação da tecnologia no país, que por sua vez vai requerer mais investimentos por parte das companhias.
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