A CSN Cimentos, braço cimenteiro da gigante do aço CSN (CSNA3), planeja abrir seu capital em agosto com o ticker de negociação ROXO3.
A meta é levantar cerca de R$ 3 bilhões em uma oferta, a princípio, totalmente primária (entrada de caixa direto na companhia).
A CSN Cimentos recentemente adquiriu a Elizabeth Cimentos, da gestora Farallon, por R$ 1,08 bilhão, adicionando uma capacidade de produção de 1,3 milhões de toneladas de cimento por ano, um aumento de cerca de 30%, além de colocar o pé na região Nordeste do país, com a fábrica da Elizabeth localizada em Pernambuco.
A gestão da CSN parece ter encontrado uma fonte de financiamento interessante alternativo à tradicional dívida, até então fonte majoritária da siderúrgica para expansão.
Recentemente a CSN abriu o capital de seu braço de mineração (CMIN3), movimentando mais de R$ 5 bilhões, inclusive embolsando cerca de R$ 3,8 bilhões em uma oferta secundária, de modo a complementar o montante de investimento necessário para o plano de expansão ousada da mineradora até 2030.
O caminho a ser seguido pela cimenteira da CSN é similar à mineração: momento de demanda forte, preços no alto com forte geração de caixa, taxa de juros mais baixos historicamente e liquidez abundante no mercado financeiro.
A diferença é que a oferta será totalmente primária, o que combinado com o fluxo de caixa atual, dará mais força para a CSN avançar na consolidação do setor, atualmente ainda pulverizado e com ativos pouco modernos.
E Eu Com Isso?
O setor cimenteiro brasileiro está em um segundo momento de mudanças estruturais. A primeira fase foi a capitalização das companhias grandes atuantes no país, devido à crise econômica que derrubou a demanda por cimento, de modo que fundos ou instituições financeiras credoras das empresas trocaram a dívida pela participação no capital das companhias, como no exemplo da Farallon com a Cimentos Elizabeth.
O segundo momento, com o aquecimento forte da demanda no campo da construção civil e infraestrutura, proporcionado principalmente pelo ambiente de juros mais baixos, as cimenteiras começam a gerar caixa e os players gringos dando saída nas capitalizações no melhor momento do setor em anos, gerando um movimento de consolidação de ativos, o que tende a ser positivo em um setor bastante cíclico.
A compra da Elizabeth pela CSN é bem-vista pelo mercado, dada a diversificação de sua geração de caixa, entrada no segundo maior mercado do Brasil (Nordeste) e sem gerar uma alavancagem para a companhia.
O plano de expansão da CSN Cimentos conta com investimentos em torno de R$ 6,2 bilhões até 2028, com plano de ampliar a capacidade produtiva em 11 milhões de toneladas por ano, triplicando a capacidade instalada existente hoje.
A empresa LafargeHolcim, a terceira maior cimenteira atuante no Brasil, já anunciou que pretende vender suas dez unidades fabris do país. A CSN Cimentos já confirmou que irá fazer uma oferta pelos ativos.
Caso venha a adquirir mais um ativo de grande porte, o plano de investimento será revisto, conforme o tamanho projetado e regiões de atuação.
O crescimento projetado da demanda por cimentos no Brasil, segundo a SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento) é em torno de 25% até 2025, saindo de 65 milhões de toneladas em 2021 para 82 milhões de toneladas em 4 anos.
Embora o crescimento projetado do setor seja menor, a CSN encontra vantagem competitiva, sobretudo nos custos de produção, dado o seu parque fabril mais moderno, além da própria consolidação do setor permitir uma expansão maior da CSN Cimentos em relação ao projetado no mercado.
—
Este conteúdo faz parte da nossa Newsletter ‘E Eu Com Isso’.
—