Nesta quarta-feira (16), o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou, sem restrições, a compra da desenvolvedora de software de gestão para o varejo Linx (LINX3) pela empresa de pagamentos Stone (STNE: Nasdaq)
O relator do processo, conselheiro Sérgio Ravagnani, concordou com o entendimento da Superintendência-Geral do Cade a favor da autorização da aquisição, não estabelecendo restrições para a operação.
Em parecer, a Superintendência-Geral não enxergou prejuízo para a concorrência conforme alegavam as concorrentes, que tiveram seus recursos negados.
A operação aconteceu em novembro de 2020 em uma negociação de R$ 6,8 bilhões, encerrando uma disputa que vinha sendo travada com a Totvs (TOTS3), desde agosto do mesmo ano, quando a proposta foi anunciada.
A Totvs chegou a enviar uma proposta para a Linx em 2020, que segundo o Comitê independente da Linx, não foi considerada efetiva devido à documentação insuficiente e a diversas falhas no conteúdo.
Os principais pontos levantados pelo comitê foram a recomendação da opinião do banco de investimento BR Partners de que a operação com a Stone traria maiores vantagens financeiras e o tempo de aprovação da operação pelo Cade seria inferior na fusão com a Stone.
E Eu Com Isso?
Apesar da aprovação já ser esperada, acreditamos que o fim do processo que demorou mais de meio ano para ser concluído traga impacto positivo nas ações da Stone devido ao fim da incerteza quanto a possíveis restrições na aprovação.
Acreditamos que os impactos nas ações da Linx sejam limitados, uma vez que a companhia já vinha sendo precificada de acordo com os termos fechados na negociação entre as companhias.
A Linx possui uma base de cerca de 50 mil clientes no varejo, no Brasil e no Exterior, operando sistemas de gestão integrados.
O negócio dará à Stone acesso direto a cerca de 45% dessa base, entrando em um mercado ainda pouco penetrado pela empresa, que atua no segmento de soluções em meios de pagamento, em grande parte via maquininhas (adquirência).
A aquisição da Linx, deve transformar a Stone em uma provedora integrada de software e pagamentos, num momento em que a indústria de pagamentos no Brasil vem sendo transformada por novos rivais e tecnologias, como a plataforma de pagamentos instantâneos Pix, lançada no final de 2020 pelo Banco Central.
A operação entre Linx e Stone verticaliza e dá uma competitividade extra a ambos os negócios, pois se complementam em termos de setores atendidos.
A negociação foi contestada por concorrentes de ambas as empresas, como a Cielo (CIEL3) e a Totvs (TOTS3), que argumentaram que a operação poderia criar incentivos para que clientes de softwares da Linx migrassem para a Stone, causando assim prejuízo para a concorrência e aumentando as barreiras de entrada no mercado para novas empresas.
Para o relator do processo, Sérgio Ravagnani, a própria rivalidade predominante nos dois mercados já é o suficiente para impedir que a negociação prejudique os concorrentes por condutas anticompetitivas.
O Cade concluiu enfatizando ainda que irá acompanhar a implementação do processo.
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