Esta quarta-feira (20) está marcada por dois eventos importantes. Um deles é a posse de Joseph Biden como 46º presidente dos Estados Unidos. Outro, mais rotineiro, é o resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). À sua maneira, cada um deles representa os desafios que terão de ser enfrentados pelos investidores nos próximos meses.
Explicando. A troca de comando na Casa Branca, após uma das eleições e uma das transições de poder mais conturbadas da História americana, deverá alterar profundamente a condução da economia nos Estados Unidos. Ao ser sabatinada no Congresso americano na terça-feira (19), Janet Yellen, indicada para o cargo de Secretária do Tesouro, foi clara. “Estamos em um momento de agir com grandeza”, disse a ex-presidente do Fed, o Banco Central americano. Isso quer dizer gastar com grandeza, realizar uma política fiscal claramente expansionista, para estimular o crescimento econômico e a queda do desemprego.
Por aqui, o Copom deverá manter a taxa referencial Selic em 2 por cento ao ano. A novidade esperada é a retirada do “forward guidance”, um indicativo de mais longo prazo da direção dos juros. O Comunicado do Copom, a ser divulgado às 18:30 desta quarta-feira, também deve indicar qual será a trajetória para os juros. As expectativas divulgadas pela edição mais recente do Boletim Focus são de que a Selic encerre 2021 a 3,25 por cento ao ano. E o resultado da reunião deve indicar quando essa trajetória ascendente vai começar.
Apesar de esses dois eventos não terem uma relação direta, eles mostram, claramente, a diferença entre a situação do Brasil e a dos Estados Unidos. Por lá, o novo governo que toma posse nesta quarta-feira terá de agir pesadamente para estimular a economia e compensar os desastres provocados pela pandemia. Além de manter os juros perto de zero e de transformar o Fed em comprador de última instância, inundando a economia com dinheiro, o governo terá de agir mais diretamente, aumentando os pagamentos do auxílio emergencial e realizando obras públicas de grande porte.
A situação brasileira é diferente. Por aqui, o Banco Central terá de elevar os juros para conter uma inflação ascendente, em uma situação de pressão devido à indefinição com relação ao teto de gastos. Não esperamos que o teto de gastos seja desrespeitado. Porém, o mero temor dessa ruptura é capaz de influenciar negativamente os preços dos ativos de risco. E também afastar investimentos (como os na infraestrutura, por exemplo), em um momento de necessidade de investimentos diretos e ausência de capacidade do Estado para gastar.
Essa diferença de direções – a economia americana em expansão, a brasileira nem tanto – oferecer uma boa oportunidade para investidores. A palavra a ser lembrada é “diversificação”.
Diversificar é preciso, para aproveitar as disparidades entre as economias. No caso do Brasil, a continuidade das incertezas deve estimular os investidores a optar por estratégias de investimento que não precisam, necessariamente, da economia brasileira para andar. Ou, como disse o Eduardo Guimarães, nosso especialista em ações: “A diversificação de ativos é o último almoço grátis à disposição dos investidores.”
E Eu Com Isso?
A quarta-feira começa com os contratos futuros de Ibovespa em leve baixa e os contratos futuros do índice americano S&P 500 em leve alta, com o otimismo provocado pela perspectiva de estímulos à economia americana. Por aqui, o cenário é de indefinição, com as expectativas em relação à ata do Copom.