Levante Ideias - Domingo de Valor

Investir em ações é fácil

Na coluna de hoje eu vou falar um pouco sobre como as pessoas físicas investiam em renda fixa e em ações nos anos 1980, as dificuldades para abrir conta em uma corretora, para comprar e vender ações e para acompanhar o mercado financeiro.

Atualmente é muito fácil investir em qualquer classe de ativos (Tesouro Direto, Fundos de Investimento e Ações), com acesso às informações em tempo real e com maior disponibilidade das informações financeiras e aos fatos relevantes das companhias.

Como eu tenho mais de 20 anos de mercado financeiro e idade maior que 45 anos, posso ser um pouco saudosista e lembrar de algumas histórias da época da faculdade, nos anos 1990.

 

Formas de circulação das ações na Bolsa

A Lei das Sociedades Anônimas (S.A.) de 1976 definiu dois tipos de circulação/posse de um ativo: i) ações ao portador e; ii) ações endossáveis.

O proprietário do ativo era devidamente identificado no próprio papel. Para transferi-lo a outro investidor, seria possível realizar um endosso, ou seja, uma identificação da transferência registrada fisicamente, geralmente no dorso do papel em questão.

Antigamente quem comprava ações na Bolsa de Valores de São Paulo (antiga Bovespa) recebia um certificado com a quantidade de ações nominativas com o nome do comprador e número para as ações compradas.

Na foto abaixo segue um certificado de 1.760 ações ordinárias da Unipar de agosto de 1985, em nome do meu pai Pedro Eduardo Silveira Guimarães. Interessante notar que as ações eram numeradas (de 981695687 até 981697446).

As ações ao portador foram extintas no Brasil em 1990.


Ação escritural

A ação escritural é um tipo específico de ação, cuja movimentação não é realizada a partir da expedição de cautelas ou de certificados, mas por meio de pagamentos e transferências em contas de depósito. As ações escriturais são sempre nominativas, com registro do titular, mas sem a documentação física (foto acima).

Essa mudança tornou possível que as pessoas físicas negociem ações eletronicamente por meio do sistema conhecido como “home broker”, sem a circulação física de documentos, o que facilitou muito o processo.

Como comprar ações?

Atualmente, para comprar ações é preciso ter uma conta aberta em uma corretora de valores mobiliários (ações). Esse processo ficou muito mais simples e digital a partir de outubro de 2019.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) publicou a Resolução nº 4.753 que “moderniza e racionaliza o processo de abertura, manutenção e encerramento de contas de depósitos. A mudança decorre da evolução nos hábitos dos consumidores financeiros e dos novos modelos de negócios, em que se verifica a utilização, cada vez mais intensiva, de dispositivos eletrônicos para a contratação e uso de serviços financeiros”.

Na prática, os investidores hoje podem abrir contas em corretoras de valores de forma digital, por meio dos sites e dos aplicativos, sem a necessidade de comparecer às agências nem de assinar presencial e fisicamente os documentos.

Cupom da dívida

Nesta parte do texto eu vou explicar a origem do termo “cupom de dívida”, que quer dizer taxa de juros ou remuneração recebida pela pessoa física que investe o seu dinheiro num título de dívida.

Antigamente o Governo levantava recursos no mercado através de dívida, com a emissão de títulos de dívida ao portador, como por exemplo o título na foto abaixo de dívida interna do Estado de Minas Geraes (sic) emitido na década de 60 (tão antigo que a grafia correta era Geraes com “e”).

Esses títulos pagavam juros periodicamente ao portador até a data de vencimento, com cupom físico (em papel) da dívida numerados e com data semestrais (no caso abril e outubro), pois não existia um registro eletrônico. Assim, o investidor recortava o cupom da data e ia ao banco receber os juros da dívida.

Essa é a origem do termo “cupom” em qualquer título de renda fixa, pagamento de juros semestrais em relação ao principal da dívida.


Jornal Gazeta Mercantil

Nos anos 1990 a única fonte de informações financeiras sobre o mercado de ações era o Jornal Gazeta Mercantil, já extinto, antes ainda da criação do jornal Valor Econômico.

Era no caderno de Finanças da Gazeta Mercantil que era possível encontrar as informações sobre os preços das ações das empresas na Bolsa, num período que pode ser considerado pré-histórico para a geração dos “millenials” que têm todas as informações nos aplicativos dos seus smartphones.

Eu me lembro que lia os jornais pela manhã antes de ir para a minha aula na Fundação Getúlio Vargas (FGV), quando o professor Antonio Carlos Kfouri Aidar nos fazia perguntas sobre os mercados e sobre a conjuntura econômica.

Eu diria que essa disciplina “Economia aplicada ao mercado financeiro” e a leitura diária do jornal Gazeta Mercantil foram essenciais para a minha carreira no mercado de ações e para a minha educação financeira.

Informações em tempo real

Atualmente é possível obter informações em tempo real sobre o mercado financeiro, notícias e fatos relevantes das empresas e cotação das ações em diversos aplicativos gratuitos e sites de notícias.

Como eu sou um analista de ações tradicional, da “velha escola”, até hoje eu sempre verifico o site da Comissão de Valores Imobiliários (CVM) para ver as notícias e fatos relevantes das empresas. Sempre digo aos analistas da minha equipe para irem direto à fonte e não confiarem no que é publicado na internet, de acordo com o “senhor Fontes”. Somente porque alguma informação está na internet, não quer dizer que ela seja verdadeira.

Muitas empresas têm excelentes sites de relação com investidores, onde é possível obter todas as informações sobre as empresas: formulário de referência, resultados trimestrais, apresentações, fatos relevantes e comunicados ao mercado, composição acionária e outras informações.

Conclusão

A minha principal missão na Levante Ideias de Investimentos é trazer os assuntos do mercado financeiro, em especial o mercado de ações, de maneira descomplicada para poder incentivar ainda mais a educação financeira dos investidores, sempre conversando com os meus leitores.

E, antes de encerrar, quero lembrar que ainda dá para adquirir meu livro recém-lançado com frete grátis: Bolsa de Valores ao Seu Alcance – Invista em Ações: É Fácil

Você vai receber na sua casa uma edição muito caprichada, impressa em papel de primeira qualidade.

São quase 300 páginas com uma seleção criteriosa dos melhores textos que escrevi aqui na coluna Domingo de Valor.

Como você está acostumado, não tem nada daquelas análises chatas das editorias de economia de jornais e revistas. Nem do linguajar pretensioso para impressionar nos longos e cansativos relatórios de bancos e corretoras.

Vou direto ao ponto para falar de educação financeira e mostrar um pouco mais de como é o mercado na prática.

Por enquanto, o livro só pode ser adquirido no site da Levante, por meio deste link aqui: https://lp.levanteideias.com.br/boama01-lancamento-of/

Aproveite a leitura.

Forte abraço,
Eduardo Guimarães

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