Na noite da quarta-feira (24) foi aprovado no Senado o novo marco legal do saneamento básico. É uma das melhores notícias possíveis para a sociedade e a economia brasileiras, e também para os investidores. Qualquer motorista que trafegue pelas estradas, qualquer passageiro do transporte público, qualquer exportador que dependa dos portos brasileiros sente na pele as deficiências da nossa infraestrutura. No entanto, a situação do saneamento é ainda pior do que a dos portos, aeroportos, ferrovias e rodovias. A ausência de regras claras e de segurança jurídica vem impedindo os muito necessários investimentos privados nesse setor. Por isso, o novo marco legal pode destravar uma injeção (em números conservadores) de 500 bilhões de reais no setor ao longo dos próximos 12 anos e gerar pelo menos 1 milhão de empregos diretos, com as evidentes recompensas para os investidores (leia mais em “Novo marco do saneamento” e “Cenário para as ações de Saneamento“). No entanto, apesar disso, é bastante provável que o desempenho do mercado nesta quinta-feira (25) seja marcado por uma forte volatilidade.
A principal causa é a diferença entre curto prazo e longo prazo. No longo prazo, o novo marco legal do saneamento pode ser comparado a um novo pré-sal, com a diferença que não há a turbulência dos preços internacionais do petróleo para atrapalhar as contas.
Já no curto prazo, porém, o que está chamando as atenções é o aumento dos números da Covid-19 em diversos países, algo que pode comprometer a reabertura das economias e a retomada do crescimento. Há notícias de aumento do número de casos em estados americanos importantes como Texas, Califórnia e Flórida, o que vem provocando volatilidade nos mercados.
Até agora, porém, os indicadores da economia americana são positivos. Na semana até 20 de junho, o número de pedidos iniciais de seguro-desemprego (jobless claims) caiu para 1,48 milhão, uma queda de 60 mil pedidos em relação à semana anterior. A média de pedidos das últimas quatro semanas caiu para 1,62 milhão, redução de 160,7 mil pedidos.
INDICADORES – O Banco Central (BC) divulgou, nesta quinta-feira (25), o Relatório Trimestral de Inflação referente a junho. A projeção central para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 foi reduzida. Ela passou da estabilidade em relação ao PIB de 2019, apresentada no Relatório anterior, para um recuo de 6,4 por cento.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de junho foi de 0,02 por cento, informou nesta manhã o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA-15 é considerado uma prévia da inflação medida pelo IPCA. Em 12 meses, o índice alcançou 1,92 por cento, abaixo dos 1,96 por cento registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.
O índice de junho foi o menor resultado para o mês desde 2006, quando o IPCA-15 registrou uma deflação (queda de preços) de 0,15 por cento. Segundo o IBGE, a queda de 0,71 por cento no grupo dos Transportes, que inclui passagens aéreas, representou o maior impacto negativo, com uma queda de 0,14 por cento no índice.
Os mercados internacionais, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, começaram o dia sem uma tendência definida. O dia deverá ser marcados pela dinâmica entre a pressão de baixa de curto prazo no mercado internacional e a tendência de alta no mercado local devido à aprovação do marco legal do saneamento. Espera-se um dia de volatilidade onde as notícias positivas locais devem prevalecer.
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