Em 18 de maio, a companhia Ultrapar (UGPA3) anunciou em Fato Relevante a assinatura de contrato para vender a totalidade das ações da Imifarma Produtos Farmacêuticos e Cosméticos S.A. – a Extrafarma – para a rede de farmácias Pague Menos (PGMN3).
O valor da venda foi de 700 milhões de reais, sujeito a ajustes em função das variações de capital de giro da companhia e da posição da dívida líquida da Extrafarma na data da transação. O pagamento será realizado em três parcelas, sendo 50 por cento pagos na data de fechamento, 25 por cento após um ano e os demais 25 por cento após dois anos, com fiança prestada pelo acionista como garantia para as duas últimas parcelas.
Segundo a Lei das S.A., os acionistas da Ultrapar que desejarem adquirir ações da Extrafarma podem exercer seu direito de preferência na proporção das respectivas participações no capital social do grupo e pelo mesmo preço por ação oferecido pela Pague Menos.
E Eu Com Isso?
Acreditamos que a venda do ativo é benéfica para ambos os lados: para a Ultrapar, que vem revisando seu portfólio de negócios em busca de investimentos com maior sinergia e complementariedade, e para a Pague Menos que, combinada à Extrafarma, ampliará sua presença nas regiões Norte e Nordeste, tornando-se a segunda maior rede de farmácias no Brasil em quantidade de lojas.
A transação já teve impacto no preço das ações das duas companhias na véspera do anúncio: alta de 9,6 por cento nas ações da Pague Menos (PGMN3) e queda de 1,2 por cento nas ações da Ultrapar (UGPA3), o que deve limitar valorização adicional no preço das ações da Pague Menos no curto prazo, com reação positiva do mercado em relação à transação. Esperamos impacto positivo no preço das ações da Ultrapar (UGPA3) nesta quarta-feira (19/mai).
A Ultrapar já tinha interesse em se desfazer do ativo há algum tempo e, mesmo o acordo de venda tendo sido por um preço relativamente menor ao valor intrínseco da companhia, a venda permite que o grupo Ultra possa voltar suas atenções aos setores que realmente agregam ao seu negócio, com foco em derivados de petróleo.
No lado da Pague Menos, maior rede de farmácias do Norte e Nordeste, essa aquisição coloca a rede de drogarias no segundo lugar do País em quantidade de lojas, com cerca de 1,5 mil, atrás apenas da Raia Drogasil e; em terceiro lugar em termos de faturamento, ficando perto da Drogarias Pacheco São Paulo (DPSP).
Com essa aquisição, a Pague Menos reforça a sua participação de mercado nas regiões Norte e Nordeste: de 19,5 para 23,3 por cento no Nordeste e de 9,9 para 18,9 por cento no Norte, com market share nacional sendo elevado de 5,7 para 7 por cento.
Os ganhos de sinergia foram estimados pela Pague Menos entre 150 e 250 milhões de reais por ano.
O investimento da Ultrapar na Extrafarma, realizado em 2013, tinha como estratégia a ideia de se montar um “posto integrado”, com lojas de conveniência e farmácias em cada um de seus postos Ipiranga. Este, no entanto, não obteve os retornos que o grupo estimava.
Os executivos da Ultra acreditavam, na época, ser possível colocar farmácias em um grande número de postos de combustíveis, o que acabou por não se mostrar viável. Ademais, o grupo também não conseguiu avançar com a estratégia de crescimento acelerado da rede com aquisições adicionais, visto que as condições de mercado deixaram as compras muito caras.
Cabe ressaltar que a venda da Extrafarma significa um reforço de caixa para a Ultra, reduzindo sua alavancagem e permitindo que o grupo esteja em uma melhor situação financeira para realizar a aquisição da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), já em vistas pela companhia há algum tempo, estimada em 7 bilhões de reais.
Além da Refap, outras refinarias da Petrobras foram colocadas à venda, o que pode despertar o interesse do grupo. O mercado de gás natural também se encontra aquecido, aberto a novos participantes, e seria um caminho natural o grupo cogitar ingressar no segmento.
Além da venda da Extrafarma, a Ultrapar também está vendendo seu braço de especialidades químicas, a Oxiteno, que vem atraindo fundos de investimentos e outras petroquímicas.
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