A holding Ultrapar (UGPA3), controladora das distribuidoras Ipiranga e Ultragaz, mira uma mudança importante em seu Conselho de Administração, que historicamente segue um modelo de sucessão, no qual os executivos de confiança da família fundadora assumem a cadeira na presidência do conselho.
A entrada do grupo Pátria (gestora de Private Equity) no acordo de acionistas controladores da holding trouxe uma mudança relevante de estratégia, com foco na rentabilidade em vez do crescimento acelerado. Agora, a companhia vem revisando suas operações e portfólio de ativos, com possíveis desinvestimentos em Oxiteno e Extrafarma, além da compra de uma das refinarias à venda da Petrobras (PETR3/PETR4) na região Sul do país.
Atualmente o conselho conta com 11 nomes de peso, como José Galló (Renner) e Pedro Wongtschowski como presidente (ex-executivo da Ultra e membro do grupo controlador) e, a partir da reunião em abril, dois novos nomes passarão a fazer parte do Conselho. Um deles, e o mais esperado, é Marcos Lutz, ex-CEO da Cosan (CSAN3). Lutz tem o apoio da família fundadora (família Igel) e do grupo Pátria.
E Eu Com Isso?
A movimentação no Conselho é um passo importante para a holding que vinha sendo controlada por longos anos pela família controladora, por Paulo Cunha (ex-CEO e membro dos acionistas controladores) e nos últimos anos por Wongtschowski, com um modelo de negócio estável, com crescimento constante e rentabilidades inabaláveis.
A mudança na política de precificação de combustíveis da Petrobras a partir de 2017, antes previsível, que passou a ser flutuante de acordo com as oscilações do preço do petróleo, atingiu a Ipiranga em cheio que não contava com uma estrutura tão ágil para executar as ações necessárias para absorver as mudanças na dinâmica de mercado, além da recessão no Brasil, colocando mais “lenha na fogueira”, minando a rentabilidade histórica da companhia por vários trimestres seguidos.
A ida de Lutz para o conselho ainda está em negociação, mas coloca a holding com os dois pés no acelerador rumo a uma estratégia mais promissora para a recuperação da rentabilidade da companhia, levando para dentro de casa a experiência no comando da principal concorrente da Ultra. A mudança é positiva para a companhia no médio e longo prazo, com renovação de comando, mais alinhados à dinâmica de mercado atual.