A Santos Brasil (STBP3) divulgou seus números referentes ao quarto trimestre de 2020 na noite de segunda-feira (08), após o fechamento do mercado. O resultado veio bom e acima das expectativas em termos de receita líquida, Ebitda e lucro líquido.
A retomada das importações de contêineres no Tecon Santos no 4T20 melhorou o mix de importação e de contêineres cheios, gerando mais receita de cais e armazenagem, incrementando a margem Ebitda no trimestre.
Sua receita líquida veio acima das expectativas, com alta de 13,2 por cento na comparação anual, e totalizou 260,6 milhões de reais no 4T20. Na comparação trimestral, essa alta foi ainda mais acentuada, de 18,3 por cento. No acumulado anual, foi registrada uma contração de 4,4 por cento, com receita líquida total de 929,6 milhões de reais em 2020.
A receita do terminal de veículos (TEV), que representou cerca de 5 por cento da receita total em 2020, apontou alta de 22,8 por cento na comparação trimestral e de 14,5 por cento quando comparado ao mesmo trimestre em 2019, com 12,6 milhões de reais no 4T20. Esta apresentou uma forte recuperação no ano, uma vez que foi severamente afetada pela forte queda no volume de veículos importados devido à quarentena da Covid-19.
O Tecon Santos apresentou um crescimento acentuado no volume de contêineres movimentados, com alta de 6,2 por cento em relação ao 4T19. No consolidado de seus 3 terminais de contêineres, a Santos Brasil apresentou um avanço de 4,4 por cento em comparação ao mesmo período no ano passado, totalizando cerca de 302,7 mil unidades no 4T20. No ano, este volume foi de 1,1 milhão de contêineres movimentados, queda de 7,7 por cento em relação a 2019.
Conforme esperado, o pico sazonal se concentrou no quarto trimestre de 2019, devido a pandemia do coronavírus, que deslocou o ápice para o final do ano.
O volume de contêineres cheios de importação movimentados em Tecon Santos, destaque negativo dos resultados do terceiro trimestre de 2020, também apresentou forte recuperação, com alta de 11,9 por cento na comparação anual.
As operações de longo curso tiveram crescimento nos volumes de importação (alta de 16,7 por cento) e exportação (alta de 8,7 por cento) e aumentaram sua participação para 79,5 por cento do volume total de contêineres movimentados (vs. 72,3 por cento no 4T19).
A companhia ainda apresentou uma alta de 53,1 por cento do Ebitda recorrente na comparação anual, totalizando 81,6 milhões de reais no 4T20. Em relação à sua margem Ebitda, a melhora foi de 0,6 pontos percentuais na comparação anual, registrando 31,3 por cento no período. No acumulado do ano, a contração foi de 4,4 por cento em comparação à 2019, com Ebitda consolidado de 211,9 milhões de reais em 2020.
Por fim, em seus destaques financeiros, o seu lucro líquido apresentou alta de 38,8 por cento na comparação anual, totalizando 14,3 milhões de reais no 4T20. No acumulado do ano, este apresentou prejuízo de 13,8 milhões de reais.
E Eu Com Isso?
Os resultados vieram bons, acima do esperado, pois houve deslocamento do pico sazonal de volume de importações para o final do ano, o que contribuiu fortemente para seu desempenho. Além disso, a companhia ainda teve seus números impulsionados por uma boa recuperação operacional, que, por sua vez, tiveram base a retomada das cadeias de suprimentos globais, além da forte aceleração do comércio global nos últimos meses. Dessa forma, é esperado um impacto positivo no preço de suas ações (STBP3) no curto prazo.
A Santos Brasil ainda fez um bom trabalho no controle das despesas operacionais, conseguindo administrá-las durante o período desafiador vivenciado. No acumulado do ano, a companhia apresentou recuo de 4,4 por cento das despesas em terminais portuários (50,2 milhões de reais). Nas suas despesas operacionais consolidadas, esta contração foi de 1,5 por cento, totalizando 161,5 milhões de reais em 2020.
Em relação aos seus investimentos, a companhia reportou um total de 223,4 milhões de reais em 2020, dos quais 203,4 milhões de reais no Tecon Santos (91 por cento do total), sendo a grande maioria referente à obra de extensão e reforço do cais.
A obra de expansão do cais do TEV/Tecon Santos está dentro do cronograma planejado, mesmo com a pandemia da COVID-19, com a fase de cravação de estacas em ritmo acelerado. As obras de aprofundamento e reforço dos berços que viabilizarão o aumento futuro da profundidade do cais (calado) para 16 metros também estão em curso e dentro do cronograma. As obras para expansão e reforço do cais deverão ser concluídas no segundo semestre de 2021.
A companhia encerrou o quarto trimestre de 2020 com uma posição de caixa líquido (caixa maior que o endividamento) de 637 milhões de reais.
Análise Complementar
Sobre os principais catalisadores das ações da Santos Brasil, a companhia tem como agenda prioritária a renegociação de seu contrato com a Maersk, evento que será decisivo para seu desempenho. A Maersk consiste na principal cliente da Santos Brasil, correspondendo a 70 por cento do volume da carga transportada no Tecon Santos, cujo contrato se encerra em 31 de março de 2021, e, caso não definam um acordo, a Maersk deverá pagar o preço de tabela para seu negócio – cerca de 4 vezes mais do que paga hoje.
A expectativa é positiva para a renovação do contrato, visto que as atuais tarifas praticadas em Santos estão relativamente deprimidas em comparação àquelas implementadas em outros terminais de características e níveis de produtividade e de acessibilidade similares.
Adicionalmente, a companhia ainda tem como pontos de atenção a sua participação em leilão de novos terminais. Em seu último follow-on, a Santos Brasil levantou cerca de 790 milhões de reais, possibilitando-a visar múltiplas oportunidades de expansão para os próximos trimestres, entre estas a participação nos leilões de novas operações portuárias em 2021.
De fato, há amplo mercado para aquisições e participação em novos leilões portuários. Segundo notícias, somente o Porto de Santos prevê 7 bilhões de reais em arrendamentos e acessos em 2021. Conforme declarações recentes da Administração da Santos Brasil, fusões e aquisições são mais prováveis neste momento em detrimento de novos projetos greenfield, que não estão descartados, contudo. A empresa também avalia aquisição de ativos logísticos, sem intenção de reduzir o seu nível de endividamento, que, atualmente, opera a patamares baixos.