Nesta segunda-feira (2), a Cielo (CIEL3), maior adquirente da América Latina, divulgou seus resultados do primeiro trimestre do ano. Os números mostraram uma continuidade no processo de volta do crescimento da companhia, com crescimento do resultado recorrente da companhia em relação ao 1T21.
O volume total transacionado, ou TPV, atingiu R$ 165,2 bilhões, uma melhora de 29,1% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, principalmente devido à fraca base de comparação no 2T20 devido ao momento mais crítico da crise do Covid-19.
O número de clientes ativos teve queda de 2% na comparação anual, no entanto os clientes do segmento de varejo, foco da companhia, tiveram crescimento de 15,2% no mesmo período.
A receita líquida apresentou um crescimento anual de 14,8%, atingindo R$ 2,8 bilhões.
A melhora do volume financeiro e o mix de transações contribuíram para a melhora do resultado.
Além disso, os custos e despesas operacionais totais da companhia tiveram uma queda anual de 1,4%, R$ 2,5 bilhões, número impactado negativamente mais uma vez por uma série de efeitos não recorrentes, em especial na Cielo Brasil, onde esses impactos chegaram a mais de R$ 388 milhões.
Com a volta do volume financeiro em relação a 2T20, o Ebitda (métrica para geração de caixa operacional) cresceu 146% na comparação anual, atingindo R$ 581 milhões e representando 20,7% da receita.
O lucro líquido atribuído à companhia fechou em R$ 180 milhões, revertendo o prejuízo de 75 milhões do mesmo trimestre de 2020.
E Eu Com Isso?
Apesar de enxergarmos algumas tendências positivas no resultado, fruto dos esforços da companhia em crescer em mercados mais rentáveis, os números da companhia vieram novamente abaixo das expectativas do mercado e com isso esperamos impacto negativo nas ações da Cielo (CIEL3) no curto-prazo.
A Cielo, líder do mercado, vem perdendo consistentemente participação no mercado.
Para conseguir se manter competitiva a companhia teve de ajustar seus preços para baixo sucessivamente nos últimos anos.
A receita extraída por volume transacionado (revenue yield) que chegou a 1,17%, em 1T17, caiu para 0,71% neste trimestre.
Mesmo com as perspectivas positivas quanto à retomada da economia com a vacinação, a Cielo ainda precisa superar diversos obstáculos para conseguir consolidar uma trajetória de crescimento novamente.
O avanço no cronograma do open banking, deve se mostrar um grande desafio nos próximos trimestres, trazendo vantagens competitivas para empresas mais desenvolvidas do ponto de vista de tecnologia.
O compartilhamento dos dados de recebíveis dos clientes com outras instituições financeiras possibilitará que o adiantamento dos recebíveis não seja mais de exclusividade da adquirente, colocando em risco uma das principais fontes de receita da companhia.
Dessa forma, as companhias com melhor capacidade de adaptação e inteligência de dados devem ser mais bem sucedidas no novo ambiente competitivo.
Por fim, acreditamos que as iniciativas para voltar a crescer vem surtindo efeito.
No entanto, é importante notar que em maio, o até então CEO da companhia, Paulo Caffarelli, deixou o cargo depois de 2 anos e meio à frente da companhia.
Apesar da gestão relativamente curta, ele foi responsável por diversas mudanças positivas na companhia e esta mudança pode ter efeitos negativos para o turnaround da Cielo.
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