O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou o resultado do quarto trimestre de 2020 nesta quinta-feira (11) depois do fechamento do mercado. O resultado não foi bom, o banco deixou a desejar em diversos aspectos operacionais e performou abaixo dos outros grandes bancos na maioria dos aspectos.
O banco apresentou um ROE de 12,1 por cento e um lucro líquido ajustado de 3,7 bilhões de reais no 4T20, representando uma queda de 20,1 por cento comparado ao 4T19. No ano de 2020, o ROE foi 12,0 por cento e o lucro líquido ajustado 13,9 bilhões de reais em 2020, uma queda de 22,2 por cento em relação a 2019.
A receita de serviços apresentou uma queda na comparação anual de 1,6 por cento no trimestre, atingindo 7,4 bilhões de reais, no acumulado do ano, a receita caiu 1,7 por cento e atingiu 28,7 bilhões de reais. Já a margem financeira apresentou queda ainda maior, caindo 16,1 por cento no trimestre em relação ao 4T19 e 11,3 por cento no ano, resultando em 9,0 bilhões de reais no 4T20 e 34,6 em 2020.
Dentre os poucos destaques positivos, destacamos a redução nas despesas com pessoal com quedas de 8,5 por cento no trimestre e 1,1 por cento em 2020 na comparação com o mesmo período de 2019.
Além disso, a carteira de crédito do banco expandiu 9,7 por cento no ano, atingindo 681 bilhões de reais, beneficiada por linhas de crédito subsidiadas pelo governo.
E Eu Com Isso?
Apesar do resultado abaixo do esperado para o quarto trimestre, a companhia apresentou suas projeções para 2021 em linha com as expectativas do mercado em termos de lucro líquido. Assim, esperamos que o comportamento das ações do Banco do Brasil (BBAS3) seja ditado pela conferência de resultados hoje às 10:00.
Recentemente as ações do Banco do Brasil sofreram com uma mudança na percepção de risco devido à reação por parte do governo às recentes medidas para ganho de eficiência, que incluíram um programa de demissão voluntária e o fechamento de agências. Apesar das medidas serem esperadas pelo mercado, o timing do anúncio gerou certo estresse no campo político e chegaram até a especular a saída do CEO, André Brandão. Com isso as ações acumulam desvalorização de 12,5 por cento em 2021
Questões com a independência da gestão do banco em relação ao governo vem se mostrando mais importantes que a performance operacional da companhia. Como resultado, o Banco do Brasil está com valor de mercado menor do que o seu valor patrimonial e com múltiplos muito descontados em relação aos outros bancos.
Apesar da estatal possuir alguns problemas em relação à independência, o desconto nos múltiplos é exagerado, além disso a companhia já anunciou o aumento do total dos lucros a ser distribuído aos acionistas em 2021 para 40 por cento, tornando o retorno em dividendos e juros sobre o capital próprio (JCP) atrativo.
Enxergamos 5 catalisadores em potencial para as ações do banco para 2021; i) o IPO do BV, antigo banco Votorantim, no qual a estatal possui 50 por cento de participação; ii) a possível venda de sua participação de 28,7 por cento na Cielo; iii) possível IPO da ELO; iv) alguma parceria de mercado na gestão de recursos (asset) e v) anúncio de novas medidas de melhoria de eficiência, quesito no qual o banco deixa a desejar em relação aos seus pares privados.
A previsão (guidance) do Banco do Brasil é de um lucro líquido entre 16 e 19 bilhões de reais em 2021, praticamente em linha com o atual consenso de mercado.
As principais linhas do guidance 2021 do BB são: i) carteira de crédito (crescimento entre 8 e 12 por cento); ii) margem financeira bruta com crescimento entre 2,5 e 6,5 por cento; iii) receita de serviços e despesas administrativas estáveis (entre queda de 1,5 por cento e alta de 1,5 por cento) e; iv) despesas com crédito de 14 a 17 bilhões de reais.