Uma leitura atenta do noticiário nos últimos dias permite listar várias notícias positivas. Vamos numerar apenas três delas.
Na sexta-feira (5), a criação de empregos não-agrícolas nos Estados Unidos (non-farm payroll) de maio registrou a criação de 2,5 milhões de novas vagas nos setores industrial e de serviços. A expectativa era diametralmente oposta, com o fechamento de 8,3 milhões de vagas.
No sábado (6), uma reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais a Rússia, associação denominada Opep+, confirmou um acordo para prolongar até o fim de julho a redução em 9,7 milhões de barris de petróleo por dia. A medida destina-se a sustentar os preços e evitar o desmantelamento do setor. Como resultado, nesta segunda-feira, os contratos futuros do petróleo do tipo Brent para agosto são negociados acima de 42 dólares por barril. Os contratos do americano WTI, que estavam negativos há poucas semanas, superam 39 dólares por barril.
No domingo (7), a China divulgou uma queda de 3,3 por cento em suas exportações em maio. Aparentemente um resultado ruim, mas a expectativa era de uma queda de 6,5 por cento. É verdade que as importações chinesas caíram mais do que o esperado no mês passado – a queda foi de 16,7 por cento, ante um prognóstico de 8,1 por cento –, mas isso indica que as economias com as quais a China faz negócios (leia-se o resto do mundo) estão mais ativas. Ainda na Ásia, o prognóstico de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no Japão no primeiro trimestre melhorou. Ante uma retração de 3,4 por cento, as projeções agora são de uma baixa de 2,2 por cento.
A recessão acabou? Não, ainda não é possível dizer isso. Porém, é possível afirmar com um grau de certeza razoável que ela deve durar menos tempo e ser menos profunda do que se temia há poucos meses, quando as primeiras notícias sobre o avanço da pandemia do coronavírus passaram a dominar as manchetes. E já há prognósticos de um payroll americano positivo no mês de junho, reforçando a trajetória de recuperação do nível de atividade econômica.
As expectativas brasileiras também estão melhores. A edição mais recente do Boletim Focus, divulgada nesta segunda-feira, mostra uma desaceleração dos prognósticos de piora. A estimativa para o PIB de 2020 agora é de uma retração de 6,48 por cento, pouco mais acentuada que os 6,25 por cento da semana passada. A projeção de inflação medida pelo IPCA caiu levemente para 1,53 por cento, ante 1,55 por cento do levantamento anterior. E as projeções para a taxa Selic e para a taxa de câmbio do fim deste ano permaneceram inalteradas em 2,25 por cento e 5,40 reais, respectivamente. Mais importante do que isso, porém, é que a projeção de crescimento para 2021 subiu de 3,20 por cento para 3,50 por cento, e as projeções para 2022 e 2023 permanecem inalteradas há meses, ambas cravando crescimentos anuais de saudáveis 2,5 por cento. Ou seja, é quase um consenso de que o efeito danoso sobre a economia ficará restrito a este ano.
Claro, muitos setores foram – e vão continuar sendo – estruturalmente afetados. A pandemia mudou a forma de pessoas e empresas fazerem as coisas e haverá ganhadores e perdedores. Por exemplo, o home office não deverá ser totalmente revertido, o que é positivo para as empresas de varejo que tiverem boas operações on-line, e prejudicial para companhias aérea, que vão perceber uma queda estrutural da demanda por passagens. No entanto, os indicadores mais recentes indicam que as projeções apocalípticas eram exageradas.
Neste cenário, teremos um dia positivo para os ativos locais. O Ibovespa abrirá acima dos 95 mil pontos, uma alta superior a 1 por cento. Lá fora a conversa é parecida, os contratos futuros de S&P 500 (principal bolsa dos EUA e do mundo) avançam quase 1 por cento, acima de 3.200 pontos na abertura. Tudo isso indica que a trajetória otimista deverá continuar predominando.
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