A CSN (CSNA3) parece estar em negociações avançadas para a compra dos Cimentos Elizabeth, fabricante de cimentos localizado no Nordeste, atualmente pertencente à Farallon Capital.
A Cimentos Elizabeth fez parte de uma transação da Farallon com a Família Crispin a respeito de um aporte de capital no grupo Elizabeth em 2020.
Na época, a Farallon pagou uma parte em dinheiro e assumiu as dívidas da subsidiária Elizabeth Cimentos, em uma transação que movimentou cerca de R$ 1 bilhão, em um momento de recuperação do mercado de cimentos no Brasil (Setembro de 2020).
O valor da transação pode girar em torno de US$ 200 milhões a US$ 250 milhões, convertendo para o câmbio de hoje, pode movimentar valor semelhante ao transacionado no negócio Farallon-grupo Elizabeth.
A cimenteira tem capacidade para produção de cerca de 1,2 milhão de toneladas de cimentos por ano e está localizada na cidade de Alhandra, no sul do estado da Paraíba, compondo o chamado Polo Cimenteiro Paraibano, região rica em minas de calcário, principal matéria-prima do cimento.
A CSN protocolou o IPO de sua divisão de cimentos na CVM, com pretensão de levantar recursos para expansão, em um momento que o mercado de cimentos no Brasil se recupera de anos de queda no faturamento e inicia um movimento de consolidação, com os players mais capitalizados começando a integrar ativos de menor porte às suas operações.
A CSN Cimentos atualmente possui plantas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro e pode ser uma via de diversificação geográfica, caso a transação seja efetivada.
A Farallon afirma que caso as conversas não avancem rapidamente, abrirá um processo de concorrência pela Cimentos Elizabeth.
E Eu Com Isso?
A CSN Cimentos possui capacidade de produção de 4,7 milhões de toneladas anuais. Com a possível compra, a companhia amplia em cerca de 25% sua capacidade, além de iniciar as operações em uma região ainda sem atuação, com a participação no mercado de cimentos passando dos atuais 7,7% para quase 10% (segundo dados de 2020).
Com os recursos do IPO, a CSN Cimentos pretende ampliar sua capacidade para 15,8 milhões de toneladas até 2028.
O movimento faz parte do plano de expansão mais acelerada da subsidiária da CSN, que pode dar maior atratividade a investidores no IPO da cimenteira.
A notícia pode ter efeitos limitados devido a incertezas sobre a definição do negócio, porém caso efetivado, pode gerar um efeito positivo nas ações da controladora CSN (CSNA3).
O mercado de cimentos é dominado por poucas empresas no país, ainda mais depois de anos de queda de vendas, com a sobrevivência no mercado dos players mais relevantes, a exemplo da Votorantim (líder no segmento) que detém em torno de 30% da participação no mercado.
Com o bom momento do setor de construção civil e de commodities em geral, puxando o desempenho dos materiais de construção para cima, a CSN se aproveita da redução forte de alavancagem para colocar o pé no acelerador em um plano ambicioso de expansão.
A companhia já realizou com sucesso o IPO de seu braço de mineração (CMIN3), ajudando a reduzir mais o seu endividamento e agora a divisão podendo captar recursos por conta própria.
Agora é a vez da divisão de cimentos, que ainda vem surfando no mercado aquecido, com resultados recordes e margens ainda crescentes.
A consolidação é um passo importante para o setor, dado que os produtores conseguem maior eficiência na produção, de modo a manter a capacidade de investimento mesmo em períodos de crise e baixa da demanda.
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