A inflação tornou-se uma ideia fixa para muitos participantes do mercado. Uma multidão de investidores acredita que os bancos centrais, em especial o Federal Reserve, vão mudar subitamente de opinião e, nos próximos dias, passar a adotar uma política monetária contracionista para conter a ameaça de uma alta da inflação.
É pouco provável. Não há dúvidas de que a inflação está subindo ao redor do globo. Os preços avançam no Brasil, na Zona do Euro e nos Estados Unidos, onde os índices de preços no atacado vêm batendo recordes.
Por aqui, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o IPCA-15 de maio, mostrando uma alta de 0,44 por cento nos preços, abaixo dos 0,60 por cento de abril, e também inferior aos prognósticos, que eram de 0,55 por cento.
Em 12 meses, a variação acumulada do índice subiu para 7,27 por cento, ante os 6,17 por cento do levantamento anterior. Segundo o IBGE, foi o maior resultado para um mês de maio desde 2016, quando o índice registrou uma inflação de 0,86 por cento.
Nos Estados Unidos, a expectativa é com o índice de gastos pessoas, ou Personal Consumption Expenditures (PCE) de abril, que será divulgado na sexta-feira (28).
A expectativa é que o PCE mostre um aumento de 3,5 por cento nos preços em 12 meses, bastante acima da alta acumulada até março, que foi de 2,3 por cento.
O PCE é um índice de preços a que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) costuma prestar mais atenção do que o Consumer Price Index (CPI), divulgado na semana passada e que mostrou uma alta forte dos preços ao consumidor.
Nos 12 meses até abril, a inflação acumulada pelo CPI é de 4,2 por cento, ante 2,6 por cento até março.
Se seguíssemos a cartilha das ideias fixas com relação à inflação, a estratégia seria montar uma carteira defensiva, já prevendo o endurecimento da política monetária.
Porém, os diretores do Fed têm reiterado que consideram as pressões inflacionárias um risco no curto prazo.
Aliás, mais dois diretores regionais do BC americano devem discursar hoje, e provavelmente vão reforçar a mensagem de que estão menos preocupados com a inflação do que essa entidade chamada mercado.
Há riscos de que isso mude? Sim, sempre há. Um PCE muito acima do esperado pode reverter as expectativas e jogar água no chope das bolsas globais.
Mesmo assim, esse indicador não será suficiente para comprovar que a inflação americana deixou de ser um problema passageiro e passou a ser uma preocupação dos banqueiros centrais.
Com isso, os ativos de risco vêm recuperando o terreno perdido após algumas semanas de stress. Ponto para quem seguiu os banqueiros centrais, e conseguiu se livrar da ideia fixa da inflação.
INDICADORES
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 3,7 pontos em maio, para 76,2 pontos. Os resultados de abril e maio recuperam 81 por cento da queda de março.
Na média móvel trimestral houve uma queda de 0,6 ponto, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice de Situação Atual (ISA) subiu 4,2 pontos, para 68,7 pontos, e o Índice de Expectativas (IE) cresceu 3,2 pontos, para 82,4 pontos.
Segundo a FGV, a expectativa das finanças pessoais não avança e o ímpeto para consumo continua muito baixo.
E Eu Com Isso?
O dia se inicia com um movimento de alta nos contratos futuros de Ibovespa e do índice americano S&P 500. Por aqui, a inflação medida pelo IPCA abaixo do esperado e o bom desempenho dos índices internacionais justificam o otimismo no início da manhã.
No exterior, os índices estão subindo com a expectativa de declarações tranquilizadoras dos diretores regionais do Federal Reserve de que não haverá um endurecimento da política monetária no curto prazo. As notícias são positivas para a bolsa.
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