NFT parece ser a sigla de um título público. Algo como Notas Financeiras do Tesouro. Nada disso. NFT é a abreviatura de Non-Fungible Tokens, ou tokens não fungíveis.
Se parece complicado, Fernanda Guardian, analista de criptomoedas da Levante Ideias de Investimentos explica de maneira clara.
Fungível é um termo usado quase que totalmente pelo mercado financeiro e quer dizer substituível. No exemplo da Fernanda, uma nota de R$ 100 é fungível. Você pode trocá-la por outra nota de R$ 100 sem problemas.
O mesmo acontece com um título público ou com uma ação de uma determinada empresa. Uma LFT (Letra Financeira do Tesouro) pode ser trocada por outra de mesmo vencimento. Já um cartão comercial, por exemplo, não é fungível. Não é possível trocá-lo por outro tipo de cartão sem provocar mudanças.
Os ativos digitais são fungíveis. Uma foto digital da abertura de capital de uma empresa pode ser reproduzida indefinidamente, sem que haja diferenças entre as versões.
O NFT é uma tecnologia, vinculada ao blockchain, que impede que isso ocorra. Por meio do NFT, é possível transformar um arquivo digital – uma imagem, um vídeo ou uma música – em algo “não fungível”, ou seja, não substituível. Assim um arquivo digital pode ser transformado em uma obra de arte. Algo único e, portanto, valioso.
Se isso parece algo irrelevante, não podemos nos esquecer que os investimentos em arte estiveram entre os mais rentáveis ao longo dos últimos anos.
Fernanda lembra que o mercado de arte tradicional superou o desempenho do índice de ações americano S&P 500 em mais de 180% nos últimos 20 anos.
Entre 1995 e 2020, a valorização média do índice de ações foi de 9,5% ao ano, incluindo os dividendos. Já os preços das obras de arte contemporânea subiram, em média, 14% nesse período.
Claro, o mercado de arte é menos líquido e menor do que o mercado de ações. Porém, os bilionários ao redor do mundo sempre foram grandes compradores de obras de arte. Seja como reserva de valor ou em busca de valorização do capital, seja por prazer estético. E os NFT permitem incluir ativos digitais nesse universo.
Os números têm sido absolutamente surpreendentes. Só no primeiro semestre de 2021 foram negociados mais de US$ 2,5 bilhões em NFT, e o volume só acelerou na segunda metade do ano, tanto no mercado primário (obras vendidas por seus criadores) quanto no secundário. E em agosto os volumes de negociação alcançaram alturas vertiginosas.
De acordo com os dados de volume da Dune Analytics, a OpenSea registrou números mensais de volume de US$ 3,3 bilhões, cerca de um milhão de Ethereums (ETH) em obras de arte digitais.
O interesse por esses ativos vem de uma mudança geracional. Investidores mais jovens preferem possuir bens digitais a bens físicos. Isso altera o conceito e a própria expressão do status.
Em vez de adquirir uma mansão, um automóvel de luxo, um relógio cravejado de diamantes, a pessoa prefere gastar dinheiro com um ativo digital que pode ser “exposto” na internet. Sua mansão pode, no máximo, impressionar algumas centenas de amigos. Seu “story” no Instagram é acessível a milhões de pessoas.
A arte digital tem vantagens práticas em relação à arte tradicional. Graças à tecnologia, ela é mais acessível e imune a dúvidas com relação à sua autenticidade. Transportar uma pintura ou uma escultura é difícil e arriscado, pois pode haver danos. Já um NFT pode ser transferido com poucos cliques.
Essas diferenças permitem investimentos menos arriscados e mais lucrativos. O mundo vai mudar mais rápido do que todos nós imaginamos. E, quando o assunto são investimentos em criptoativos, sejam moedas ou NFTs, você pode contar com conhecimento e o gosto apurado da Fernanda Guardian.
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros de Ibovespa e do índice americano S&P 500 iniciam o último pregão da semana com leves baixas devido à baixa dos preços das commodities, especialmente o minério de ferro.
As notícias são negativas para a bolsa.
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