Inflação americana - Levante Investimentos

Sobre a inflação americana

Depois do aumento acima das expectativas do IPCA-15 na quarta-feira (25), as atenções dos investidores voltam-se para um número que será divulgado na sexta-feira (27), a inflação americana medida pelo índice PCE (Personal Consumption Expenditures).

O PCE é menos conhecido do que o CPI (Consumer Price Index). Mesmo assim, ele é mais importante para os preços internacionais dos ativos financeiros, uma vez que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, utiliza do PCE para calibrar sua política monetária, assim como o nosso Banco Central usa o IPCA como medida para as metas de inflação.

Vale a pena nos determos um pouco mais sobre o assunto.

Os dois índices de inflação mais importantes nos Estados Unidos atualmente são o PCE e o CPI. São parecidos. Ambos comparam a variação dos preços de uma cesta de produtos com os preços do mês anterior.

Mesmo sendo parecidos, não são iguais.

As diferenças começam por quem faz as contas.

O PCE é calculado pelo BEA (Bureau of Economic Analysis), ligado ao Ministério do Comércio, e tem algumas semelhanças com o nosso IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O CPI é calculado pelo BLS (Bureau of Labor Statistics), autarquia federal americana encarregada de calcular os números do emprego e do desemprego, e que é ligada ao Ministério do Trabalho. Como é o CPI que corrige as aposentadorias, ele é muito mais “popular”.

O que explica a diferença entre CPI e PCE?

Ambos os índices calculam o nível de preços determinando o preço de uma cesta de produtos. Se o preço da cesta sobe, o índice de preços sobe. Mas as cestas não são as mesmas, e acontece que as maiores diferenças entre o CPI e o PCE surgem das diferenças em suas cestas.

O CPI é baseado em uma pesquisa sobre o que as famílias estão comprando; o PCE é baseado em pesquisas sobre o que as empresas estão vendendo.

Ambos os índices são calculados de duas maneiras diferentes. Uma delas é a inflação completa ou “cheia”, que inclui todos os itens da cesta. Outra é o núcleo da inflação, que exclui elementos mais voláteis. Por exemplo, os preços dos alimentos e dos combustíveis, que são importantes, mas oscilam muito. Essa oscilação pode provocar ruído, por isso essas variações são descartadas no cálculo do núcleo da inflação, que permite uma leitura mais precisa de para onde a inflação está indo.

Depois de toda essa explicação teórica, vamos aos números.

Os dois índices se comportam de maneira parecida, mas não igual.

Em geral, o CPI tende a registrar uma inflação um pouco mais alta. Desde 2000, os preços medidos pelo CPI aumentaram 39%, enquanto os medidos pelo PCE subiram 31%, levando as taxas de inflação anuais médias diferentes de 2,4% para o CPI e de 1,9% para o PCE.

Agora, o núcleo do PCE está mostrando uma aceleração, seguindo o movimento já exibido pelo CPI.

Com isso, a divulgação de uma inflação mais elevada na sexta-feira pode ser o argumento que faltava ao Fed para começar a elevar os juros e a reduzir as medidas de estímulo econômico, de maneira a manter os preços sob controle.

Por isso, os resultados de amanhã podem ser um divisor de águas no mercado.

E Eu Com Isso?

A quinta-feira começa com mais um movimento de baixa nos contratos futuros tanto do Ibovespa quanto do índice americano S&P 500 devido à incerteza com relação à política monetária nos Estados Unidos.

As notícias são negativas para a Bolsa.

Este conteúdo faz parte da nossa Newsletter ‘E Eu Com Isso’.

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Leia também: Ganhe com a inflação.

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