Na noite desta quarta-feira (28), a Vale (VALE3) divulgou seus resultados do 2T21, após o fechamento de mercado. O resultado da Vale mais uma vez foi forte, puxado pelo recorde de preços do minério de ferro no trimestre.
Como já adiantado na prévia operacional (produção e vendas), os volumes de vendas totais foram significativamente superiores aos do 1T21, além dos preços médios realizados ficando 30% acima do trimestre anterior, impulsionando ainda mais suas margens.
O crescimento foi parcialmente compensado pelo menor volume de vendas nos metais básicos e aumento do custo de produção do minério de ferro devido a acidente e maior nível de intervenção para manutenção, além de maior volume de compra de minério de terceiros.
A Receita Líquida consolidada alcançou R$ 16,7 bilhões, um crescimento de 31,8% na comparação trimestral, em linha com o aumento de preço médio de minério de ferro, na casa dos 27% no tri contra tri. A contribuição do minério de ferro na receita foi de 85,7% e os metais básicos contribuíram com cerca de 13%.
Ademais, a combinação de maiores preços e maior volume de vendas, permitiram à Vale gerar um Ebitda (métrica da geração de caixa operacional) de US$ 11,2 bilhões, um recorde histórico para a companhia. A margem também aumentou fortemente em relação ao 1T21, alcançando 66% no 2T21.
Mas o principal destaque do resultado fica com o lucro líquido que ficou em US$ 7,5 bilhões, uma alta forte de mais de 7 vezes o montante do 2T20, e cerca de 37% superior ao 1T21.
Além disso, a companhia reportou que completou cerca de cerca de 45% de seu programa de recompra de ações até a divulgação do resultado, no valor total de cerca de US$ 2,6 bilhões.
Somado com os US$ 3,9 bilhões distribuídos em março, referente aos resultados de 2020 e os US$ 2,2 bilhões distribuídos agora no segundo semestre, a Vale soma um retorno aproximado de US$ 8,7 bilhões direta e indiretamente.
A companhia anunciou que ainda pretende distribuir cerca de US$ 5,5 bilhões em setembro, ainda a ser aprovado pelo Conselho.
E Eu Com Isso?
As ações da Vale (VALE3) subiram forte no pregão imediatamente antes da divulgação de resultados, com o mercado esperando números sólidos, esperando uma rentabilidade recorde dada a prévia operacional e o preço médio de minério de ferro registrado ao longo do segundo trimestre.
Apesar de um resultado forte, esperamos um leve movimento de realização das ações da companhia no curto prazo (VALE3), uma vez que os números vieram em linha com as estimativas do mercado, com uma leve decepção nos metais básicos que sofreu com eventos inesperados no Canadá.
Os preços realizados vieram mais altos, porém ainda com uma parcela alta de preços defasados em sua composição, o que confere uma espécie de atraso nos preços registrados pela Vale em relação à média de mercado.
Os prêmios nos produtos de maior valor agregado também ficaram ligeiramente menores (3,9 dólares por tonelada abaixo) devido à maior composição de produtos de alta sílica e umidade.
A companhia encontra-se em patamar diferente do último superciclo de commodities.
Desta vez, a companhia possui um maior volume de produção, minério de melhor qualidade e necessidade baixa de investimentos que, combinados com o baixo nível de endividamento (dívida líquida expandida de apenas US$ 11,5 bilhões), o que possibilita em uma farta distribuição de dividendos.
Há certa preocupação com a trajetória dos preços do minério de ferro em um futuro próximo devido às restrições de produção impostas na China devido a questões ambientais, além da percepção cada vez maior de preços em patamares insustentáveis, o que dá a impressão de que a bonança está em seu pico.
Ademais, o mercado imobiliário na China também preocupa, começando a apresentar problemas de crédito e de demanda por imóveis, um dos grandes motores do setor de siderurgia e, por consequência, do minério de ferro.
Mesmo assim, a Vale é capaz de gerar altos retornos e começa a se firmar como uma das principais pagadoras de proventos para os próximos anos, mesmo com preços de minério a US$ 100 por tonelada (metade do negociado atualmente).
Se contarmos com o montante de US$ 5,5 bilhões (42% de payout) a serem aprovados pelo Conselho de Administração referente aos resultados do primeiro semestre, a execução completa do programa de recompra (+US$ 3,17 bilhões), a companhia poderá chegar a um retorno em proventos diretos e indiretos de 15% a 16%, considerando o último preço de fechamento das ações.
Por fim, repare que aqui não conto com a distribuição referente ao segundo semestre de 2021, que ainda está por vir, podendo gerar um montante ainda maior de proventos para o ano.
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