A semana que se inicia será marcada pelo realinhamento das expectativas para o crescimento e para a inflação nas maiores economias.
Começando pela China. Na noite da quarta-feira, o governo chinês deverá divulgar o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) da China no segundo trimestre.
Os prognósticos pioraram na sexta-feira (9), dia em que o pregão não funcionou no Brasil.
Durante o feriado por aqui, o Banco do Povo, o banco central chinês, reduziu os depósitos compulsórios dos bancos, liberando um trilhão de yuanes, ou US$ 155 bilhões de em liquidez para o sistema financeiro.
Esse aumento inesperado de liquidez, após meses mantendo a política monetária apertada em comparação com os Estados Unidos, foi interpretada como o que pode ser uma atuação preventiva das autoridades.
Às vésperas da divulgação de um resultado abaixo do esperado para o segundo trimestre, o governo poderia estar aumentando os estímulos monetários para aumentar a rotação da economia.
As notícias da China serão apenas parte da agenda da semana.
Na quarta-feira (14) e na quinta-feira (15), Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, terá seus dois dias de depoimento diante do Congresso americano.
Como ocorre duas vezes por ano, ele falará na Câmara dos Deputados na quarta-feira e no Senado na quinta-feira.
E, também como ocorre habitualmente, na sexta-feira (9), o Fed divulgou sua avaliação da economia dos Estados Unidos.
Pela avaliação do BC americano, apesar de tanto os números de inflação quanto os do emprego estarem dando sinais de reaquecimento da economia, ainda é cedo para dizer que a batalha contra o efeito econômico danoso da pandemia foi vencida.
Na terça-feira (13) deverá ser divulgado o índice de preços ao consumidor (Consumer Price Index, CPI) de junho.
Nos 12 meses até maio, a inflação ao consumidor nos Estados Unidos chegou a 5%, o maior nível em 13 anos.
Além da alta dos preços dos microchips, os preços de automóveis e de caminhões usados seguem subindo, e contribuíram com cerca de um terço da inflação registrada em maio.
Considerando-se o núcleo da inflação, a chamada “core inflation”, a alta em 12 meses até maio foi de 3,80%, a maior desde 1992, quase três décadas.
O núcleo da inflação não considera os preços dos alimentos e das bebidas, mais voláteis.
Só para comparar, em janeiro, a inflação em 12 meses estava em apenas 1,40%, tanto para o índice mais amplo quanto para o núcleo da inflação.
Há, aqui, uma “maldade estatística”.
Como diversos preços caíram muito nos primeiros meses da pandemia, a base de comparação é menor e, por isso, a variação percentual tende a ser mais elevada.
No entanto, mesmo se o resultado de junho mostrar uma leve desaceleração, a inflação permanecerá em um patamar desconfortável.
Em várias declarações, Powell tem reiterado que o Fed será “paciente” com a inflação.
Esse termo consta, inclusive, do relatório divulgado na última quarta-feira (07), que trata da reunião do Comitê de Mercado Aberto (Federal Open Market Committee, Fomc).
No entanto, vários membros do Fomc têm dito que pode estar na hora de começar a desmontar a máquina de estímulos econômicos posta em funcionamento no início da pandemia.
E para não ficar apenas nos indicadores internacionais, na quarta-feira (14) também está prevista a divulgação do índice de atividade econômica do Banco Central (BC), o IBC-Br, referente a maio.
Divulgado todos os meses, o índice serve como uma prévia do PIB que é informado trimestralmente pelo IBGE.
Ao longo dos últimos meses, o IBC-Br tem apresentado um comportamento imprevisível devido às flutuações no nível de atividade decorrentes das medidas de isolamento social.
Em abril, houve uma forte desaceleração em relação ao mês anterior.
A principal incógnita é o amplo e heterogêneo setor de Serviços, cuja atividade vem se recuperando de maneira assimétrica.
Os segmentos de hospedagem e lazer devem seguir mostrando números ruins, ao passo que os serviços financeiros permanecem menos afetados.
Tudo isso lança incertezas sobre o IBC-Br. Se o mesmo resultado se repetir em maio, pode ser uma indicação de que o ritmo da economia brasileira vai demorar um pouco mais para voltar ao normal.
Relatório Focus
A edição mais recente do Relatório Focus, divulgada na manhã desta segunda-feira (12) pelo BC, mostra uma elevação dos prognósticos para inflação, juros e crescimento da economia.
O crescimento esperado do PIB para este ano avançou para 5,26% ante os 5,18% anteriores.
Por outro lado, a alta prevista da inflação medida pelo IPCA subiu para 6,11% ante 6,07%.
E a taxa de juros referencial Selic prevista para dezembro está em 6,63%, ante 6,50% da semana passada.
Vale notar que o relatório indicou também uma alta nas expectativas da Selic para o fim de 2022.
A taxa esperada para o fim do ano que vem está em 7,00% ante 6,75% da edição anterior.
E Eu Com Isso?
A semana começa com um movimento positivo no mercado local.
Na sexta-feira (09), a B3 não teve pregão devido ao feriado paulista, enquanto o mercado americano registrava um recorde.
Por isso, o movimento deve ser de alta, com as cotações se ajustando à valorização internacional.
As notícias são positivas para a Bolsa.
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