este fim de semana, a Arco Educação (ARCE: Nasdaq) anunciou mais uma aquisição. Ela comprou os sistemas de ensino COC e Dom Bosco por 920 milhões de reais para complementar o seu portfólio e ampliar a base de alunos para 1,9 milhão no total.
A transação será efetivada com pagamento em dinheiro e o valor da aquisição representa cerca de 14,4 vezes o múltiplo EV/Ebitda de 2020. Os múltiplos estão levemente acima dos 13 vezes pagos pelo sistema de educação da Positivo, também pela Arco (1,6 bilhão de reais) e um pouco abaixo dos 16,6 vezes envolvendo a troca de ativos da Eleva com a Cogna (COGN3).
O movimento marca a continuidade da consolidação e foco em nichos específicos das empresas de educação no País, com o grupo Pearson (líder mundial no setor e vendedora da COC e Dom Bosco) focando no ensino de idiomas com as bandeiras Wizard, Yázigi e Skill e, por sua vez, a Arco ampliando a presença e buscando escala para sua plataforma de ensino.
A transação ainda passará pelo aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), assim como a troca de ativos pela Eleva e Cogna, anunciada em fevereiro.
E Eu Com Isso?
Há quatro empresas do setor de educação listadas na B3: Cogna (COGN3), Anima (ANIM3), Yduqs (YDUQ3) e Ser Educacional (SEER3). Com a presença cada vez menor do programa de financiamento estudantil FIES no balanço das gigantes de educação, o foco das empresas vem migrando para segmentos mais específicos do nível superior que possuem um baixo grau de evasão, como medicina, e para a educação básica, que não depende de financiamento estudantil pesado, sendo um segmento mais resiliente e essencial na economia.
Um movimento mais forte na educação básica vem sendo liderado pela Arco (ARCE: Nasdaq) e pela Cogna (COGN3), esta última realizando a abertura de capital da Vasta Educação (VSTA: Nasdaq), que atualmente são líderes em participação de mercado na educação básica, considerando o alcance do sistema de educação, com mais de 60 por cento totalizados.
Já no lado do ensino superior, percebemos as quatro grandes empresas da B3 seguindo na mesma direção e preparando o terreno à espera da recuperação econômica do País e do fim da pandemia para captar alunos em nichos mais resilientes e rentáveis, mudando o perfil do portfólio e realizando mudanças em seus ativos, inclusive com maior investimento na educação a distância (EAD), que permite uma escala maior de operação e menores custos (para cursos que a presença física não é essencial).
Enxergamos o setor de educação como um dos mais afetados pela pandemia na B3, de modo que ainda depende fortemente do fluxo de pessoas e do nível de emprego no país, sobretudo no nível superior. Na educação básica, as duas empresas líderes (Vasta e Arco) parecem se favorecer dos investimentos e suas plataformas virtuais, aproveitando o momento ruim do setor para consolidar ativos com aquisições mais baratas, se aproveitando dos recursos levantados em seus IPOs nas Nasdaq nos EUA.
A Vasta ainda parece mirar aquisições interessantes e começa a ensaiar um movimento já feito pela Arco de adquirir concorrentes, inclusive estando no páreo pela aquisição da COC e Dom Bosco desta vez.
Enxergamos como positivo este movimento no setor de educação para as empresas citadas, de modo que o foco maior em segmentos mais específicos tende a ter um ganho de escala e eficiência para a operação.
Podemos traçar um paralelo com o setor de calçados que recentemente presenciou a troca de ativos da Alpargatas, Vulcabrás e Grendene, cada uma focando em seu nicho mais forte, porém para o setor de educação, a recuperação e os resultados da consolidação ainda podem demorar mais que os demais setores da economia.
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