A TIM Brasil (TIMS3) anunciou ao mercado quinta-feira (4) da semana passada, que fechou um contrato de exclusividade para a venda de parcela da FiberCo, empresa de serviços de fibra ótica residencial da companhia. O acordo deve tornar a companhia parceira a majoritária nos negócios de infraestrutura de fibra, isto é, a TIM Brasil deve vender mais de 50 por cento do negócio.
O objetivo da companhia com a venda de parte de sua empresa de infraestrutura é conseguir um parceiro para ajudar com os altos investimentos necessários para expansão do serviço no País.
A empresa que obteve a exclusividade foi a IHS, companhia provedora de infraestrutura de telecomunicações com presença na África, Oriente Médio e América Latina, com mais de 28 mil torres de celular em seu portfólio de ativos. O acordo é válido por três semanas e pode ser renovado caso as partes não cheguem a um acordo e for de interesse de ambas continuar a negociação.
A FiberCo, vai herdar a infraestrutura e os clientes de fibra da Tim Brasil, que possui presença em 27 cidades e cerca de 600 mil clientes do TIM Live. A companhia pretende ter 3 milhões de casas com o serviço de fibra acessível até 2023.
Importante destacar que o acordo em andamento tem como objetivo somente o segmento de internet fixa, uma vez que a infraestrutura de fibra ótica também é extremamente importante para conectar as torres de telefonia móvel.
E Eu Com Isso?
O andamento da venda da parcela da FiberCo é positivo para a TIM Brasil (TIMS3), porém a notícia que isso deve custar mais de 50 por cento do controle da companhia deve diminuir um pouco os ânimos do mercado. Esperamos um impacto levemente positivo no preço das ações da companhia (TIMS3) no curto prazo, apesar de a notícia ser negativa, uma vez que acreditamos que novos desenvolvimentos do negócio, como a conclusão do acordo, são mais relevantes para o crescimento da companhia no longo prazo.
Segundo notícias de mercado, o valor da FiberCo da TIM gira entre 1,5 bilhão e 2 bilhões de reais. Ainda não se sabe qual o tamanho da fatia que a operadora pretende ceder a um potencial investidor, porém uma fatia de mais de 50 por cento implicaria em uma entrada de pelo menos 750 milhões de reais para a expansão da infraestrutura no Brasil.
A separação das operadoras de telecomunicações e suas empresas de fibra ótica não é novidade, a Oi (OIBR4) já possui um acordo, recentemente prorrogado, com um fundo administrado pelo BTG Pactual (BPAC11), o FIP Economia Real, que lhe dá uma série de benefícios para o leilão dos ativos de fibra da companhia. A Vivo (VIVT3) havia anunciado dois dias antes o acordo com o fundo canadense Caisse de dépôt et placement du Québec (CDPQ) para a venda de 50 por cento de sua companhia de fibra ótica, a FiBrasil.
Os negócios de fibra têm chamado a atenção do mercado por seus altos valores e múltiplos elevados. O recente acordo com da Vivo (VIVT3) com o fundo canadense teve um múltiplo EV/Ebitda de 16,5 vezes, a média do múltiplo de empresas de telecomunicações no mundo gira em torno de 6 vezes EV/Ebitda, evidenciando um potencial interessante de geração de valor para os acionistas do setor de telecom.
Um ponto curioso sobre o modelo de negócios da TIM Brasil (TIMS3), é que a companhia vai construir uma rede com o único propósito de ser usada por seus clientes, enquanto a Vivo e a Oi pretendem criar uma rede para vender os serviços para outras empresas que queiram fornecer serviços de internet fixa, vender o serviço no mercado de atacado.
Acreditamos que as companhias de telecomunicações têm procurado parceiros para dividir o investimento no segmento mais atrativo para o mercado, banda larga fixa, enquanto se preparam para usar seu caixa para investimentos que serão necessários na telefonia móvel. Ainda para esse ano é esperado o leilão das frequências de 5G, o que deve custar caro para as companhias, além de vir acompanhado de uma série de condições para implantação da tecnologia no país, que por sua vez vai requerer mais investimentos por parte das companhias.
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