Na última sexta-feira (8), comentei por aqui alguns importantes desdobramentos sobre a corrida pelo comando do Senado Federal, a ser definida nas eleições legislativas marcadas para o dia 1º de fevereiro. Como os movimentos na política são extremamente fluídos, durante o fim de semana já houve novidades nesta frente.
A primeira delas diz respeito à mudança de postura do governo federal sobre a eleição no Senado. Após se reunir com líderes da base governista na Casa, o presidente Bolsonaro resolveu declarar apoio ao candidato escolhido por Davi Alcolumbre (DEM-AP), o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG). A pressão pelo apoio veio após o MDB acusar que o Planalto estaria sendo leniente com a candidatura de Pacheco, apesar da suposta neutralidade prometida.
Com a nova decisão do Executivo, outras legendas terão de rever suas intenções e as peças acabam mudando de posição no tabuleiro de xadrez político. Cito duas consequências da oficialização do apoio de Bolsonaro a Pacheco: a primeira sendo o apoio do Republicanos ao senador mineiro; a segunda, a desistência do PT em apoiar a candidatura ligada a Alcolumbre, após confirmar o apoio do governo. Sendo assim, a bancada petista deve, ao cabo, apoiar o nome do MDB (ainda indefinido) e com o apoio do Republicanos, Pacheco conta com o apoio de 22 senadores até o momento.
E Eu Com Isso?
Apesar das mudanças com relação à corrida pelo comando do Senado serem relevantes, continuamos com o diagnóstico de que o pleito ainda está bastante indefinido – principalmente pela indecisão quanto ao candidato que irá competir com Rodrigo Pacheco. O apoio de Bolsonaro ao apadrinhado de Alcolumbre dá vantagem ao grupo, mas também mina votos de partidos de oposição. O MDB deve, em breve, decidir se lança Simone Tebet (MS) ou Eduardo Braga (AM), a primeira sendo a escolha do movimento suprapartidário Muda Senado e o segundo com boa interlocução entre partidos de esquerda.
Nesse contexto, Pacheco tem leve vantagem na disputa para o Senado, mas ela ainda continua em aberto. Será possível tomar uma posição mais firme assim que o adversário do democrata for definido. O mercado, inclusive, tem dado mais atenção à disputa na Câmara dos Deputados, que tem sido mais acalorada. Faltando três semanas para as eleições legislativas, contudo, o embate deve esquentar também no Senado.