Nesta terça-feira (5), a Arábia Saudita fez um alerta à Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) e seus aliados contra a liberação de mais barris no mercado, aceitando reduzir sua produção em 1 milhão de barris/dia em fevereiro e março. Segundo os sauditas é necessário que a produção de petróleo continue restrita a fim de administrar o nível de demanda, afetada pela pandemia do coronavírus. Sua postura foi de oposição à Rússia, que sinalizou desejo de aumento na produção. Segundo Alexandrer Novak, vice-premiê do país, os programas de vacinação deverão avançar, o que impactará a retomada da atividade econômica e, consequentemente, a demanda por petróleo.
Os preços de petróleo chegaram a oscilar na bolsa durante o dia com a divergência de visões na reunião da Opep, porém terminaram o pregão em forte alta, com o barril do Brent subindo 4,91 por cento para março, cotado a 53,60 dólares, e o WTI subindo a 4,85 por cento, fechando em 49,93 dólares, respectivamente.
O início das vacinações em escala mundial animou o mercado sobre a futura retomada da atividade econômica, o que fez com que o preço do barril subisse a patamar superior a 50 dólares por barril.
No entanto, o aumento do número de casos de covid-19 em países como o Reino Unido, novos “lockdowns” impostos em algumas economias e descobertas de novas variantes do coronavírus fez com que se freasse em parte esse otimismo.
Em dezembro, a Opep+ decidiu realizar um aumento da produção de petróleo em 500 mil barris/dia, nível inferior à alta de 2 milhões de barris/dia acertada como afrouxamento gradual do acordo de corte na produção. Embora a Rússia pressione pelo aumento da produção, a Arábia Saudita, líder do grupo, e outros produtores do cartel desejam manter controlado o nível de produção de óleo.
E Eu Com Isso?
A notícia teve impacto positivo para os preços do petróleo e indica um mercado com oferta e demanda mais equilibradas nos próximos meses, o que é música para ouvidos para a Petrobras, com forte alta no preço das ações (PETR3/PETR4).
Surpreendeu os investidores diante da demanda global acima das expectativas nas primeiras semanas de dezembro, refletindo lockdowns mais curtos do que o projetado na União Europeia, e por permitir que a Rússia aumente sua produção, transferindo o impacto fiscal somente à Arábia Saudita. Além disso, desde julho, ocorre queda quase ininterrupta dos estoques, embora ainda permaneçam historicamente elevados.
Nesse contexto, nossa visão é que o corte reflete uma aceleração da pandemia nos últimos dias, especialmente em países como a Alemanha, que enfrenta dificuldades para controlar os casos, e Reino Unido, que sofre com uma nova cepa mais contagiosa. Países asiáticos, como Coreia do Sul e Japão, também reportaram aumento substancial dos casos, que atingiram valores diários superiores aos reportados na primeira onda. Em conjunto, os números apontam para retração da demanda global, e a Arábia Saudita parece ter se antecipado a esse movimento.
Analisando os efeitos para empresas brasileiras do setor, o aumento do preço do barril é benéfico. Nesse sentido, ao decorrer do pregão de ontem, o Ibovespa reagiu de modo positivo, sustentado por forte alta das ações da Petrobras, que fecharam o dia acima de 30 reais, patamar observado pela última vez somente nos meses anteriores à pandemia. Mais especificamente, PETR3 e PETR4 valorizaram-se 3,05 e 3,90 por cento, respectivamente, enquanto o Ibovespa encerrou o dia com alta de 0,44 por cento.