A Amazon (AMZN/AMZO34) acaba de lançar a extensão do seu programa de venda de serviços aos varejistas (sellers) que utilizam a sua plataforma no Brasil. Os novos serviços incluirão gestão de estoques dentro dos centros de distribuição, armazenagem, ferramentas de estratégia comercial e entrega final de produtos. O plano é agressivo: a Amazon isentará parte dos custos destes serviços por um ano como forma de reter/atrair novos parceiros.
A ideia é elevar a receita obtida por meio da venda de produtos. Além da comissão cobrada pela venda pela plataforma, que varia de 10 por cento a 15 por cento do valor do produto, as varejistas buscam oferecer serviços logísticos adicionais para aumentar suas comissões.
Esta terceirização das vendas na plataforma – também conhecidas como Marketplace ou 3P – é uma espécie de “menina dos olhos” para as grandes varejistas, pois apresenta margens operacionais mais elevadas que o varejo eletrônico direto (1P). Esse fator explica o aumento na concorrência por parceiros recentemente.
No Brasil, a Amazon tem um desafio a mais. Por não ter lojas físicas, a companhia dispõe de menos espaços físicos que auxiliam nos processos logísticos das empresas. Ela, todavia, consegue cobrar indiretamente pelas entregas por meio da assinatura mensal de 9,90 reais do Amazon Prime, muito embora não se saiba exatamente qual é o benefício marginal trazido pelo Prime até o momento.
E Eu Com Isso?
Nós enxergamos a notícia como positiva para s acionistas da Amazon. Porém, a operação no Brasil representa apenas “uma gota no oceano” para a gigante do varejo. Logo, esperamos que o desempenho das ações AMZN nos Estados Unidos seja em linha com os índices americanos nesta sexta-feira (9).
A notícia, porém, deve trazer efeitos negativos nas varejistas concorrentes aqui no Brasil, como a B2W (BTOW3), Magazine Luiza (MGLU3) e Mercado Livre (MELI/MELI34).
A Amazon é sinônimo de inovação, expertise e excelência no setor de varejo nos Estados Unidos. Até por isso, qualquer movimento que sinalize expansão das operações em solo brasileiro reacendem a luz amarela para as incumbentes brasileiras. Ela segmenta suas linhas de negócio em três: América do Norte, Internacional e AWS (Amazon Web Services). O segmento internacional – onde o Brasil está incluído – representou 26 por cento das receitas no último trimestre.
A logística é ponto chave nas teses de investimento das empresas do setor. Ao possuir e operar bem a malha logística disponível – o que requer a combinação tanto de terra, capital (ativos físicos e financeiros), trabalho (pessoas) e tecnologia – os fatores de produção básica em um sistema produtivo, a companhia consegue tanto atrair mais compradores como vendedores para sua plataforma.
Assim, ela aumenta a recorrência de receita junto aos clientes, fortalece sua marca e aumenta o sortimento/categoria de produtos vendidos na plataforma. Com mais produtos disponíveis, ela atrai mais clientes, o que a torna capaz de melhorar ainda os seus “fatores de produção” que falamos anteriormente.
Isso só é possível, ou pelo menos fortalecido, porque a companhia é orientada para a geração recorrente de caixa, o que lhe confere alta capacidade de reinvestir no negócio e acessar o mercado de crédito/capitais.