O efeito cascata do reajuste de policiais
A lei que concede aumento de 41,47 por cento nos vencimentos de bombeiros e policiais militares mineiros vai tendo efeito cascata em todo o Brasil. Enviada pelo próprio governador de Minas, Romeu Zema (Novo), o projeto de lei foi aprovado e o reajuste foi estendido – por decisão dos parlamentares da Assembleia Legislativa de Minas Gerais – para o funcionalismo como um todo. Acontece que a situação fiscal do estado é caótica e, por isso, o governador foi bastante criticado pela medida tomada em momento inoportuno.
Para piorar a situação, forças de segurança em ao menos outros 12 estados da Federação vêm pressionando os respectivos governos por aumentos salariais. A justificativa seria de que Minas está quebrado e concedeu aumento, então ele também se faz possível em outros governos. Em cinco estados, já há registros de atos ou paralisações – o caso mais grave ocorre no Ceará, onde houve toda a confusão envolvendo o senador Cid Gomes (PDT) e grevistas.
Os militares realizam motins e contam com o apoio de deputados ligados à bancada da bala, assim como de alguns quadros bolsonaristas. Por decisão do STF, essa classe não pode realizar greves e paralisações, então a maioria protestos estão sendo considerados ilegais. Ainda, a presença de homens encapuzados e não identificados torna a situação mais delicada.
Toda a situação entre policiais e governos estaduais, que se estende por quase todo o Brasil, é um exemplo de apostila de política pública irresponsável – que cede a pressões favorece um setor organizado em detrimento da sociedade. O efeito cascata era esperado e, agora, governadores têm uma grande dor de cabeça para decidir se concedem o aumento, pondo fim à insatisfação de policiais, ou continuam com os esforços de austeridade fiscal.
–
* Esse conteúdo faz parte do nosso boletim diário: ‘E Eu Com Isso?’. Todos os dias, o time de analistas da Levante prepara notícias e análises que impactam seus investimentos. Clique aqui para receber informações sobre o mercado financeiro em primeira mão.
Leia também: Mais dinheiro significa melhor performance?