Essa é a minha terceira coluna semanal para discutir temas de Investimento em Valor na Bolsa. Nas duas primeiras colunas, eu expliquei o conceito de preço justo de uma ação e calculei o potencial de valorização do investimento na prática. Para se cadastrar e receber os textos no seu e-mail, é só acessar esse link.
Nesta coluna, falarei sobre o retorno total ao acionista ao investir em uma ação ou empresa.
Dia desses eu estava com um amigo do mercado financeiro tomando um café e comentamos como é difícil saber exatamente o rendimento das nossas aplicações financeiras, seja em renda fixa ou em ações.
Muitas pessoas investem e não tem a menor ideia do rendimento dos seus investimentos. A razão disso é que o Brasil tem pouca tradição em educação financeira, e no ensino fundamental os alunos não têm muita intimidade com matemática financeira e finanças pessoais em geral.
Pretendo nesta coluna explicar como é possível calcular o rendimento das aplicações financeiras, com foco no investimento em renda variável (ações). Como eu já disse antes: a teoria perde muito da sua utilidade se não for aplicável na prática
Investimento em ações – um enigma para os brasileiros
No Brasil, o investimento em ações é percebido como complicado e, com a proximidade do prazo de entrega do imposto de renda, muitas pessoas têm me perguntado como declarar os ganhos e/ou perdas com os investimentos em ações.
Afinal, brasileiro deixa sempre tudo para a última hora e precisa calcular o rendimento dos seus investimentos em ações para informar no Imposto de Renda.
Voltando um pouco à teoria moderna de finanças corporativas: retorno total ao acionista (investidor), do inglês total shareholder return (TSR) é definido pelo rendimento do investimento em ações que é calculado pelo aumento do preço da ação mais o retorno em dividendos em determinado intervalo de tempo.
Caro leitor, tudo o que você precisa saber é o preço de compra da ação e o seu preço de venda. Recomendo a utilização de uma planilha Excel, bem simples.
Calculando o investimento em ações
Vamos imaginar que você comprou ações da Vale (VALE3) há um ano (em 27/04/2017) por R$ 26,25 e vendeu nesta última quinta-feira (26 de abril) a R$ 48,70 (peguei os preços da VALE3 no pregão de verdade na Bolsa, pode checar!). Vamos calcular o seu ganho na ponta do lápis: 48,70 dividido por 26,25 menos 1 = 0,86 ou 86%! Essa é a primeira componente do TSR: o quanto a ação subiu em 12 meses: 86% (A).
Agora precisamos calcular o retorno em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) recebidos no período pelo acionista de Vale. No período de 12 meses, houve o pagamento de dividendos aos acionistas no valor de R$ 0,909 por ação da Vale. O acionista da Vale recebeu em dinheiro (isento de IR) R$ 0,909 por ação no dia 15 de março de 2018. O retorno em dividendos (B) é calculado dividindo o dividendo por ação pelo preço da ação da seguinte forma: 0,909/47,95 = 0,019 ou 1,9% de retorno em dividendos.
No exemplo acima da Vale, o retorno total ao acionista (TSR) pode ser expresso assim: valorização da ação (A) + retorno em dividendos (B) = 86%+1,9%=87,9% ao ano!
Nesse caso, quase que a totalidade do retorno veio da valorização da ação e uma pequena parte veio do retorno em dividendos.
Existem dois tipos de empresas:
- empresas maduras que distribuem muitos dividendos – as chamadas “vacas leiteiras” e;
- empresas de crescimento que não distribuem dividendos e reinvestem o lucro em novos projetos – as chamadas “empresas de crescimento”.
As empresas de tecnologia são conhecidas como empresas de crescimento, como por exemplo Google, Netflix, Apple e Microsoft.
Acredito que o investidor deve equilibrar o seu portfólio de ações com empresas pagadoras de dividendos e mais focadas em valor (ex: Ambev, Vivo e Itaú) e empresas de crescimento (ex: Kroton, Magazine Luiza e B2W).
Nas próximas colunas, pretendo fazer uma análise mais detalhada sobre as empresas e os seus principais drivers de crescimento.
Nesta coluna, eu deixei claro como calcular o retorno de um investimento em uma determinada ação. No caso de uma carteira de ações, como por exemplo o da nossa seleção As Melhores Ações com 5 empresas, deve-se fazer uma média ponderada com a participação de cada papel na carteira (o mais usual nesse caso é atribuir 20% de participação para cada empresa).
Pretendo te ajudar a entender mais sobre Value Investing e análise fundamentalista de empresas, por isso continue acompanhando a minha coluna e não esqueça: se você ficou com alguma dúvida, é só mandar um e-mail para o endereço [email protected].
Conte comigo e até breve!