Vez ou outra um investimento desponta como o queridinho do momento. Por onde você olha, lá está uma propaganda ou ‘última-oportunidade-exclusiva-não-fique-de-fora’. Recentemente o que eu mais vi foi o COE. Mas será que COE vale a pena?
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O que de fato mais essas três letrinhas significam?
Traduzindo: Certificados de Operações Estruturadas. O produto surgiu há pouco tempo, apesar de ser bem popular nos Estados Unidos e Europa. Mas está longe de ser um dos mais simples. Isso porque envolve renda fixa e renda variável apenas um investimento.
Os bancos (que são os emissores dos produtos) utilizam o COE como uma forma para captarem recursos no mercado – por isso, então, é considerado renda fixa. Funciona da mesma forma que na emissão de um CDB, por exemplo.
A implicação dessa composição diversificada é em seu rendimento, que irá depender de qual é o objetivo do COE. Pode ser superar o Bovespa (referencial da Bolsa brasileira), proteger contra a alta do dólar ou ainda ter retorno em Bolsas estrangeiras.
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Cada um tem a sua particularidade. Ou seja, existem composições diferentes para cada um. Quase todos os parâmetros são estabelecidos previamente: a composição, o prazo de vencimento, o valor mínimo, o cenário de ganhos e perdas, com ou sem capital protegido.
Nestas duas modalidades, estabelece-se que, com o capital protegido, há a devolução do valor inicialmente aplicado. Ou sem capital protegido, neste caso, o investidor pode perder uma parte ou até todo o capital investido.
Além disso, há incidência de imposto de que renda segue a tabela regressiva de renda fixa (começa em 22,5%, podendo chegar a 15% de acordo com o prazo). Só não dá para saber qual será o rendimento no final.
Até quanto ganhar e até quanto perder para saber se o COE vale a pena?
Com a venda, é possível ter um retorno equivalente a um investimento qualquer em Bolsa, mas com a segurança de uma renda fixa. E isso irá depender do comportamento da estruturação de seu COE.
O COE mais encontrado no mercado possui uma ação ou cesta de ações com referência. Você recebe ao fim do período do empréstimo o seu dinheiro investido mais a performance da ação da empresa. Caso isso não se valorize, você recebe apenas o dinheiro investido, sem nenhuma rentabilidade adicional. Se subir, você recebe esse retorno até um teto escolhido.
São limitações a cada ponta: travas que colocam um limite no seu potencial de ganho, mas que também limitam a perda. Limitar a perda tudo bem, não é? Mas os ganhos também?
Para os bancos
Para que isso que citei acima aconteça, dá-se o seguinte: uma parte do valor compra call (opção de compra) de uma ação, por exemplo, e o restante é alocado em renda fixa.
Portanto, o banco ganha com o rendimento de renda fixa e ainda pode potencializar os ganhos com a call.
Então por que deixar parte de seu rendimento com o banco? Em boa parte dos casos são as próprias instituições financeiras quem mais ganham.
Vale a ressalva: segundo dados da B3, 55,23% dos COEs vencidos ou resgatados em 2017 tiveram desempenho inferior ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário, que tem variação muito semelhante à da taxa básica de juros, a Selic). Desse universo, 4,69% tiveram rentabilidade igual a zero.
Por isso, é importantíssimo que você avalie cada detalhe dos investimentos que estão “dentro” de seu COE. Por maior que seja uma chance de investir no exterior e diversificar os seus investimentos, podemos alcançar esse objetivo de outras formas.
Conte com ajuda de profissionais para averiguar se os riscos que você terá ao investir são equivalentes à rentabilidade que pode obter. Só assim você saberá de fato se o COE vale a pena para você.