O mercado das corretoras continua aquecido. A XP (XP:NASDAQ) comunicou que chegou a um acordo com a Messen Investimentos, um dos maiores escritórios de agentes autônomos (AAI) em sua rede, para que a assessora se torne uma corretora. No acordo costurado pelas companhias, a Messen fica com os 50,1 por cento da nova empresa e a XP terá os 49,9 por cento restantes.
Atualmente, a Messen conta com 15 bilhões de reais sob gestão em sua base com mais de 30 mil clientes. A companhia vem conseguindo captar cerca de 500 milhões de reais por mês e tem planos para acelerar esse valor para 1 bilhão de reais até o fim do ano.
A notícia chega para somar mais um capítulo pela disputa entre os agentes autônomos no mercado em que a XP é dominante. Na última sexta-feira, novas especulações sobre a saída do maior escritório da corretora, o Monte Bravo, que possui mais de 17 bilhões de reais sob gestão, se intensificaram e começaram a chamar a atenção do mercado.
É a primeira vez que a XP entra em um acordo do tipo para ajudar um AAI a se tornar uma corretora, tornando-se o primeiro sinal de reação após perder EQI, Lifetime, Arton Advisors e Acqua-Vero para seu principal concorrente, o BTG Pactual (BPAC11) em acordos similares.
O aquecimento do mercado também tem atraído a atenção dos investidores, com isso o BTG anunciou no fim de semana que pretende realizar uma oferta de ações (Follow-on) primária de 24,402 milhões de units, o que deve aumentar seu caixa em cerca de 3 bilhões de reais, considerando o último fechamento.
A oferta ajudará a companhia em seus investimentos em tecnologia, seu banco digital BTG+, além de manter índices de liquidez saudáveis para o banco. Além disso, o BTG divulgou fato relevante oficializando a transação da compra do grupo Universa (Empiricus, Vitreo, Money Times, Real Valor) dividida em 3 partes: 440 milhões em dinheiro, 250 milhões em Units BPAC11 e pagamentos financeiros relativos às entregas de metas nos quatro anos adiante após a finalização da transação.
E Eu Com Isso?
Para a XP (XP:NASDAQ) a notícia é positiva. Embora fique a preocupação com o aumento dos custos para manter sua larga base de AAIs, também mostra a capacidade de reação da companhia a ameaça competitiva neste mercado. Esperamos impactos levemente positivos para as ações da companhia no curto-prazo.
Enxergamos também com bons olhos o Follow-on do BTG, uma vez que acreditamos que o banco tem conseguido realizar investimentos de maneira eficiente e acreditamos que o lançamento do BTG+ esse ano será uma das principais alavancas de crescimento para o banco. Esperamos impactos positivos nas ações da companhia (BPAC11) no curto-prazo.
Acreditamos também que o movimento da transformação de grandes escritórios em corretoras está ganhando força e aos poucos vai mudando a dinâmica do mercado, colocando aos poucos as grandes corretoras como fornecedoras de tecnologia para esses escritórios.
Apesar da XP e do BTG Pactual (BPAC11) continuarem seus esforços de captação direta de clientes, isso é, sem nenhum escritório como intermediário, ambas as companhias enxergam que os AAIs são estratégicos, especialmente por terem relacionamento mais próximo com os clientes e em geral um foco maior em clientes mais ricos.
Mesmo considerando o papel estratégico dos AAIs para melhor atender os clientes, a maior parte do mercado potencial tanto para a XP quanto para o BTG, continua com os ativos controlados pelos grandes bancos que ainda representam a maior parte do mercado.
Enquanto a briga entre XP e BTG se intensifica, também vemos os grandes bancos se movimentando para aprimorar no setor de corretagem e assessoria financeira, se aproveitando do relacionamento que já possui com a maior parte do mercado. Tanto o Itaú (ITUB4) quanto o Bradesco (BBDC4) vem se empenhando em melhorar a Íon e a Ágora, suas respectivas plataformas de investimentos.
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