Após os rumores de que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, estaria de saída do governo caso o diretor-geral da Polícia Federal fosse demitido, a situação parecia controlada no fim do dia com a suposta permanência, temporária, do juiz no cargo, condicionada à permanência de Maurício Valeixo, diretor da PF.
Hoje pela manhã, no entanto, o Diário Oficial da União trouxe a exoneração de Valeixo de seu cargo, justificando que foi a pedido do diretor. Moro foi pego de surpresa, uma vez que não teria assinado a exoneração, e convocou entrevista coletiva para às 11h. Como o cargo é de livre nomeação do presidente, a demissão não dependeria da assinatura do ministro.
Assessores do ministro indicam que Moro deve mesmo deixar o cargo nesta sexta-feira. Após afirmar que estaria desconfortável com interferências políticas em seu ministério, a exoneração parece ter sido a gota d’água para a decisão de deixar o governo. Moro e Valeixo são bastante próximos, devido à Operação Lava Jato.
Ademais, interlocutores próximos do ministro estão preocupados com o legado que seria deixado se Moro fosse conivente com um suposto afrouxamento das investigações na PF, caso Bolsonaro nomeasse alguém de sua confiança, e também com as recentes negociações do Planalto com o Centrão – prática que o ministro sempre condenou quando atuava como juiz.
Apesar de não ser possível cravar, é muito provável que o ministro deixe o governo. Não existem, nesse momento, justificativas que pesem a favor de sua permanência. O embate com Bolsonaro, ontem, e a exoneração relâmpago de Valeixo deixam bem clara a mensagem enviada pelo presidente: caso for de seu interesse, ele interferirá em órgãos. Diante da frustração com a suposta carta branca dada por Bolsonaro, em 2018, para a execução de seu trabalho, Moro não deve ficar.
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