Impedir que os gastos superem as receitas. Manter as despesas sob controle. Resistir às tentações do populismo. Mesmo óbvias, essas ideias têm tido uma certa dificuldade em prosperar no trecho do Planalto Central conhecido como Distrito Federal. Por isso, as declarações do Ministro da Economia, Paulo Guedes, durante um seminário na terça-feira (26) serviram de alento. Guedes foi enfático ao declarar que o governo não pretende elevar impostos e que permanece afinado com a proposta conhecida como “3D” – desindexar a economia, desobrigar despesas e desvincular o orçamento.
Na véspera, com a B3 inoperante devido ao feriado, Guedes e o presidente Jair Bolsonaro haviam reafirmado o compromisso do governo com a manutenção do teto de gastos. Foi positiva a sinalização de que Guedes não está sozinho em sua cruzada, com Bolsonaro afirmando que a situação fiscal do País não abre espaço para adotar o benefício sem que outras despesas sejam cortadas.
Pode parecer pouco diante dos desafios imensos que a economia brasileira está enfrentando e vai continuar a enfrentar. Os problemas podem parecer insolúveis e, nessas horas, é fácil adotar uma atitude pessimista. No entanto, assim como o otimismo exagerado leva o investidor a assumir riscos exagerados, o excesso de pessimismo o faz perder oportunidades. E há razões para o otimismo.
Em primeiro lugar, os prognósticos para a economia mundial são positivos. Estados Unidos e China, os dois maiores parceiros comerciais do Brasil, devem mostrar um bom desempenho neste ano. Segundo uma estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI), a China deve crescer 8,1 por cento neste ano e 5,6 por cento em 2022. No caso da economia americana, os números também são positivos, com uma estimativa de crescimento de 5,1 por cento em 2021 e de 2,5 por cento em 2022. Após encolher 3,5 por cento em 2020, a economia mundial poderá avançar 5,5 por cento neste ano.
Essa vacina contra o pessimismo pode receber mais uma dose ainda nesta quarta-feira, último dia da reunião do Federal Open Market Committee (Fomc), o Copom americano. Em sua coletiva pós-reunião, Jerome Powell, presidente do Fed, o Banco Central americano, vai reforçar seu discurso de manutenção dos juros a zero e da liquidez frouxa, com a diferença que, a partir de agora, Powell vai operar em dobradinha com sua antecessora Janet Yellen, escolhida Secretária do Tesouro. Economista experiente e especializada no mercado de trabalho, Yellen é uma garantia de políticas econômicas expansionistas.
Indicadores
O Índice de Confiança do Comércio (Icom) recuou 0,9 ponto em janeiro, passando de 91,7 para 90,8 pontos. Foi a quarta queda consecutiva. Em médias móveis trimestrais, o indicador caiu 1,7 ponto, mantendo a tendência de queda pelo terceiro mês consecutivo, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quarta-feira (27). Segundo a Fundação, a piora segue sendo influenciada pela redução no ritmo de vendas devido à cautela dos consumidores.
E Eu Com Isso?
Considerando-se o cenário geral, há boas e fortes razões para o otimismo. Aos trancos e barrancos, o governo brasileiro está tentando acertar na condução da política econômica. Depois da profunda crise do ano passado, o avanço nas vacinações ao redor do mundo permite prever um desempenho melhor para a economia mundial ao longo dos próximos dois anos. Isso deverá incluir uma alta nos preços das commodities, beneficiando a economia brasileira.
Em um horizonte de tempo mais longo, há razões para o otimismo. No curto prazo, no entanto, os preços deverão ser marcados por volatilidade. Os contratos futuros de Ibovespa estão iniciando a quarta-feira em leve baixa de 0,2 por cento, ao passo que os contratos futuros do índice americano S&P 500 recuam mais de 1 por cento, o que indica um cenário negativo para a bolsa com volatilidade.