Enquanto as peças do xadrez político vão, lentamente, se movimentando neste início de ano, algumas definições são feitas também no espaço da chamada “terceira via” – candidatos que se apresentam como alternativas à disputa polarizada entre o atual presidente, Jair Bolsonaro, e o ex-presidente Lula.
De um lado, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, já iniciou viagens para realizar uma série de visitas ao Nordeste do Brasil, onde não tem apelo eleitoral e precisa conquistar espaço se quiser aumentar suas intenções de voto. Atualmente, o ex-juiz é o melhor colocado nas pesquisas, com cerca de 10% a 12% dos votos nas pesquisas estimuladas, atrás apenas de Lula e Bolsonaro.
A visão dos interlocutores de Moro é que o juiz precisa diversificar sua base de apoio – atualmente, muito concentrada no Sul e Sudeste do País – e também pautar a campanha com enfoque na economia (em especial emprego, inflação e crescimento econômico) e na saúde (em função da nova alta nos casos de Covid-19).
O diagnóstico é de que o ex-ministro apenas concentra bagagem no mundo jurídico e no combate à corrupção, o que será, a princípio, menos fundamental para as preferências eleitorais de 2022.
De outro lado, a equipe de João Doria também já vem definindo um cronograma para o governador do Estado de São Paulo. O enfoque inicial de sua campanha, que deve começar apenas em meados de março, será também a região Nordeste do País, com destaque secundário para as regiões Centro-Oeste e Norte – em antecedência, o tucano já tem feito uma série de reuniões e jantares com o setor agropecuário para estreitar laços.
Na frente econômica, integrantes do comitê do pré-candidato trabalham para entregar, ao fim de janeiro, um amplo pacote de reformas, com base na estabilização macroeconômica do País. Compõem o time, hoje, os economistas: Henrique Meirelles, secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo; Zeina Latif, ex-economista-chefe da XP; Ana Carla Abrão, sócia da consultoria econômica Oliver Wyman; e Vanessa Canado; ex-assessora especial para a reforma tributária do ministério da Economia de Paulo Guedes.
Em linhas gerais, acredita-se que o primeiro ano de governo deve focar, essencialmente, na promoção de reformas com foco na tributária e administrativa. Para isso, será necessário que o presidente eleito comunique com clareza os rumos da economia caso os projetos avancem, assim como atuar com outras medidas concomitantes ao programa reformista (como a abertura comercial, resgate do teto de gastos e um novo auxílio aos mais vulneráveis).
E Eu Com Isso?
Com algum respaldo dos mercados, a terceira via ainda batalha para se consolidar em torno de um ou dois candidatos competitivos.
Na atual conjuntura, os nomes mais bem posicionados são, de fato, o ex-juiz e o governador do estado de São Paulo – mas ambos não são favoritos e dependem de maiores forças político-eleitorais para conquistarem uma vaga no segundo turno de 2022.
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