Levante Ideias - Eletrobras

Sem acordo na Medida Provisória

A Medida Provisória 1.031/21, que trata da desestatização da Eletrobras (ELET3/ELET6), entra em sua reta final faltando apenas seis dias para que seu prazo de vencimento seja atingido.

Sendo assim, mesmo sem acordo entre senadores, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que irá pautar a MP assim que o parecer do relator, senador Marcos Rogério (DEM-RO), for apresentado.

O cronograma inicial previa que o texto chegasse a seus pares ainda nesta terça (15), mas uma reação dos líderes no Senado – ameaçando, inclusive, o descarte da MP – fez com que as negociações tivessem de ser estendidas e a entrega do parecer ficasse para esta quarta-feira (16).

Para obter os votos necessários no Senado (50% mais um, ou seja, 41 votos favoráveis entre 81 senadores), o governo já admite colocar novas emendas e obrigações no texto, ainda que elas distanciem mais ainda o resultado final da proposta original.

É o caso da inclusão de uma emenda que destina R$ 2,5 bilhões para a contratação de usinas térmicas a carvão, no montante de 2 mil megawatts (MW), entre 2028 e 2032, e uma emenda que impede a transferência de recursos de Itaipu para amenizar as tarifas de energia após a privatização da Eletrobras.

Por outro lado, quanto mais “jabutis” (emendas não relacionadas com o texto original) são colocados na proposta, mais reativo fica o setor de energia quanto à aprovação da MP.

Vale lembrar a reação ao parecer apresentado, inicialmente, na Câmara dos Deputados, que quase inviabilizou a privatização da Eletrobras.

Ainda, nos últimos dias, lobistas desse setor têm travado uma disputa com senadores na tentativa de resgatar o texto original.

Interlocutores do governo, entretanto, afirmam que a estratégia é aprovar o texto no Senado, ainda que algumas concessões tenham de ser feitas.

O governo já se prepara para sentir a temperatura da sessão plenária e, a partir daí, negociar a inclusão, ou não, das emendas enviadas por senadores nesta reta final.

Com as modificações, o texto voltaria para a Câmara e os articuladores políticos do Planalto tentariam derrubar as mudanças no último momento.

E Eu Com Isso?

A aprovação da MP da desestatização da Eletrobras (ELET3/ELET6) deve ganhar contornos dramáticos, à medida que os cálculos do governo mostram que o Senado continua bastante dividido quanto à votação.

Estima-se, atualmente, cerca de 30 senadores favoráveis, 30 senadores contrários e o restante, que fará a diferença, permanece indefinido.

As discussões sobre o texto devem começar ainda hoje, após a apresentação do parecer, mas a votação deve ficar para esta quinta-feira (17).

Em que pese as mudanças que devem ser comportadas no texto e encarecem a privatização, tanto para a companhia quanto para a população como um todo, que pode ter que lidar com tarifas de energia mais altas no médio prazo, nosso cenário-base é ainda de aprovação da MP no Senado nesta quinta-feira, com votação e aprovação na Câmara dos Deputados na data-limite, a próxima terça-feira (22).

Em comparação com o texto aprovado pelos deputados, o texto final deve incluir um ou outro jabuti a mais e ficar distante da proposta original.

As ações da Eletrobras (ELET3/ELET6) operaram em forte alta nas últimas semanas, mas podem sofrer no curto prazo até que a desestatização seja, de fato, aprovada.

No mais, mesmo que o desfecho seja considerado medíocre – no sentido literal da palavra – o governo sai vencedor ao entregar uma privatização relevante e o mercado deve reagir positivamente.

Fique atento aos novos desdobramentos.

Este conteúdo faz parte da nossa Newsletter ‘E Eu Com Isso’.

e-eu-com-isso

Leia também: Avanço na capitalização da Eletrobras.

O conteúdo foi útil para você? Compartilhe!

Recomendado para você

O investidor na sala de espera

Salas de espera podem ser muito relaxantes ou extremamente desconfortáveis. Pessoas ansiosas consideram aquele período de inatividade quase uma tortura. Quem precisa de um tempinho

Read More »

Ajudamos você a investir melhor, de forma simples​

Inscreva-se para receber as principais notícias do mercado financeiro pela manhã.