A Neoenergia (NEOE3) divulgou nesta terça-feira (09) o seu resultado do quarto trimestre de 2020. O resultado foi bom e veio em linha com as expectativas, quando desconsiderado itens não recorrentes e sem efeito caixa sobre o resultado.
A companhia apresentou um avanço de 39 por cento de sua receita líquida, com um total de 10 bilhões de reais no 4T20. No acumulado de 2020, esse valor foi de 31,1 bilhões de reais, uma alta de 13 por cento em comparação a 2019.
Em relação ao seu Ebitda, este também avançou 39 por cento no trimestre, totalizando 2,1 bilhões de reais no quarto trimestre. No acumulado do ano, o Ebitda apresentou um total de 6,5 bilhões de reais no ano, uma alta de 14 por cento em comparação a 2019.
A companhia ainda apresentou um expressivo aumento de seu lucro líquido, de 996 milhões de reais para o trimestre, uma alta de 61 por cento em comparação a 4T19. Para 2020, este total representou 2,8 bilhões de reais, um avanço de 26 por cento em comparação a seu ano anterior.
Em seus resultados trimestrais, a Neoenergia apresentou também uma leve redução de seu índice de alavancagem, medido pela relação dívida líquida sobre Ebitda, de 3,0 vezes em 2019 para 2,85 vezes em 2020.
Como destaque operacional, a companhia ainda apresentou um aumento do volume de energia injetada de 1,29 por cento em comparação a 4T19, de 18 mil GWh no 4T20, o que reflete a retomada da atividade econômica. Na comparação acumulada anual, no entanto, houve uma redução de 1,5 por cento de volume de energia total injetada, sendo um valor de 66,8 mil GWh em 2020, refletindo os impactos da Covid-19.
E Eu Com Isso?
A Neoenergia apresentou resultados virtualmente em linha com o consenso, quando desconsideramos itens sem efeito caixa sobre o resultado, como reversões de provisões e atualização dos ativos financeiros das concessões. Logo, esperamos uma reação mais neutra no preço das ações (NEOE3) no decorrer do dia.
No resultado reportado, merece destaque a recuperação dos volumes no segmento de distribuição, juntamente com um comportamento mais saudável da inadimplência, a despeito dos desafios ainda impostos pela pandemia e o isolamento social.
A companhia também mostrou execução acertada da sazonalização dos contratos no segmento de geração, que proporcionou contribuição positiva tanto através dos ativos de geração eólica como dos de geração hídrica. A receita ainda foi favorecida pela variação positiva da Parcela A.
Os custos operacionais avançaram em decorrência do aumento do custo com aquisição de energia. As despesas com PMSO (Pessoal, Material, Serviços e Outros) foram beneficiadas pela já comentada inadimplência, que retornou aos níveis pré-Covid e atenuou o crescimento da linha de Pessoal. As perdas avançaram no trimestre, porém impactadas por mudanças regulatórias que afetaram o faturamento dos consumidores da Categoria A.
Em termos de endividamento, vale destacar que a Neoenergia segue em trajetória de desalavancagem. Nos últimos anos, a companhia foi bem sucedida no processo de redução de sua dívida líquida e alongamento de seus passivos, reduzindo as pressões de refinanciamento que eram constantes até então. No entanto, o quadro ainda requer atenção, pois ainda há linhas de transmissão em fase de construção, que continuarão a drenar caixa, e as distribuidoras requerem investimentos contínuos para aprimoramento da qualidade de serviço, em especial a CEB (Companhia Energética de Brasília).
Nesse sentido, ao longo do ano, a atenção deve ser direcionada à consolidação da CEB, cujo leilão de privatização foi vencido pela Neoenergia em dezembro. Essa distribuidora possui indicadores operacionais fracos e, portanto, há amplo espaço para melhorias e aumento de resultado através de uma gestão responsável e bem executada. Acreditamos que a Neoenergia, pelo seu histórico no setor e experiência na administração de áreas de distribuição complexas, conseguirá extrair resultados positivos, além de gerar potenciais sinergias com as operações atuais.