Na noite desta terça-feira (04), a Minerva Foods (BEEF3), uma das maiores exportadoras de proteína animal da América do Sul, apresentou seus resultados do 1T21, após o fechamento de mercado. O resultado foi forte e veio bem acima do esperado, com bom desempenho das exportações na operação na América do Sul e o resultado positivo caixa das operações de hedge.
O destaque ficou com a divisão Athena Foods (América Latina ex-Brasil), que impulsionou as linhas de receita, além dos maiores preços da carne no mercado Brasileiro que permitiram manter as margens em patamares saudáveis e alcançar o décimo trimestre consecutivo de geração de caixa livre positiva para a companhia.
Os principais destaques foram:
i) Crescimento da receita líquida consolidada de 39,3 por cento na comparação anual (1T20), alcançando 5,8 bilhões de reais no trimestre, com destaque para o crescimento da receita bruta no mercado externo de 42,4 por cento.
ii) Crescimento de 27 por cento no Ebitda (métrica da geração de caixa operacional) em relação ao 1T20 alcançando 485 milhões de reais. A margem Ebitda ficou 0,8 pontos percentuais abaixo em relação ao ano anterior, chegando a 8,4 por cento.
iii) Fluxo de caixa livre trimestral de 309 milhões de reais, já após a contabilização dos efeitos de proteção cambial (hedge), com saldo positivo pelo décimo trimestre consecutivo. A geração de caixa operacional recorrente foi de 80 milhões de reais.
Os pontos negativos do resultado ficam com a queda das margens bruta e Ebitda, mesmo com o forte avanço na linha de receita, com os custos de produção pressionando a rentabilidade, tanto pelo aumento dos preços do boi no mercado doméstico quanto pelo menor volume de abates compensando parcialmente o aumento de preços realizados, embora já amplamente esperado pelo mercado.
Houve ligeira retração do lucro líquido da companhia na comparação anual, chegando a 260 milhões de reais, 4,3 por cento abaixo do 1T20, com margem líquida de 4,5 por cento, cerca de 2 pontos percentuais menor na comparação anual.
E Eu Com Isso?
Mesmo com menor rentabilidade e pressão de custos, os resultados da companhia vieram com surpresa positiva em relação às expectativas, sobretudo na linha de receita, puxado pelo desempenho forte da divisão Athena Foods, complementado pelos preços cerca de 40 por cento superiores na comparação anual na divisão Brasil.
Esperamos uma reação positiva do mercado para o preço das ações da companhia (BEEF3), com esta surpresa positiva nos resultados. As ações da companhia vêm andando “de lado” após a data de corte para os dividendos relativos ao exercício de 2020, com um possível movimento de saída de interessados apenas nos proventos, além do temor em relação à queda de margens devido aos indicadores de preços de grãos e do boi, ainda em franca ascensão.
A queda no volume de abates no segmento Brasil pode ser estratégica, mesmo que sacrifique um pouco da margem bruta pelo menor efeito de alavancagem operacional (diluição de custos fixos pela maior produtividade).
A explicação está no menor volume de vendas no mercado doméstico e custos crescentes do boi gordo, de modo que mantendo o volume menor de abates, há um consumo maior do estoque de carne e é possível manter os custos controlados por mais tempo com a manutenção de um rebanho para abates em maior volume. Esse movimento faz sentido principalmente pela característica de criação extensiva, no qual o gado fica solto no pasto, necessitando de menor quantidade de ração para o processo de engorda, reduzindo drasticamente os efeitos de alta dos preços de grãos, mesmo que prolongue o ciclo de maturação do rebanho.
A companhia vem tomando medidas para manter cada vez mais perene a sua rentabilidade e preservação do nível de alavancagem, por exemplo, o alongamento do perfil de dívida e redução da exposição a dívidas em moeda estrangeira, dando maior previsibilidade à geração de caixa, dado que 30 por cento da receita é proveniente do mercado doméstico, por exemplo.
A relação dívida líquida / Ebitda de 2,4 vezes se manteve abaixo do patamar de 2,5 vezes, limite da política de dividendos extraordinários (no qual a empresa é autorizada a distribuir 50 por cento do lucro líquido do ano em proventos, ao invés dos 25 por cento mínimos obrigatórios). Com uma perspectiva de melhora de volumes no mercado doméstico, pela sazonalidade favorável e recuperação gradual da economia brasileira, pode complementar os resultados provenientes de exportações (que continuam com demanda forte) e melhorar as margens para os próximos trimestres.
A companhia terminou o trimestre com posição de caixa superior a 6 bilhões de reais e, mantendo a alavancagem controlada e provando que a empresa é capaz de preservá-la, pode corroborar a companhia como uma das melhores pagadoras de dividendos da bolsa.
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