Na noite desta quarta-feira (03), a Vale (VALE3), maior produtora de minério de ferro do mundo, divulgou seu relatório de resultado operacional (produção e vendas) do 4T20 e do consolidado do ano de 2020.
A companhia fechou o ano com produção levemente menor que o ano de 2019, devido em partes pela pandemia e partes por paradas programadas para manutenção e um período de chuvas maior nas regiões onde possui suas minas de extração.
Os principais destaques positivos foram:
i) Forte crescimento de volume de vendas no 4T20 em relação ao trimestre anterior, permitindo fechar o volume de vendas total do ano em linha com o de 2019 (300,4 milhões de toneladas em 2020 contra 302 milhões de toneladas em 2019). Destaque para o minério de ferro que obteve crescimento de 25,9 por cento nas vendas no último trimestre.
ii) Produção de Níquel e Cobre apresentando crescimento mesmo com restrições de produção na VNC (Nova Caledônia) e paradas de manutenção, sendo compensados pela maior produtividade nas plantas de Onça Puma (Brasil), Indonésia e Canadá.
Como destaque negativo temos:
i) Menor produção de Pelotas de minério de ferro, devido a paradas e restrições de produção em uma das usinas de pelotização no 4T20, porém mantendo o volume de vendas em linha com o 3T20. As pelotas possuem um teor de minério de ferro mais elevado e são negociadas com prêmio, alavancando as margens da mineradora.
ii) Uma recomposição de estoque em 2020, devido a problemas com vendas observadas em meados de 2020 devido à pandemia, não sendo possível atingir o potencial total de embarques no ano.
E Eu Com Isso?
Os resultados do 4T20 foram bem positivos em nossa visão, com um volume de vendas forte, em um cenário de preço de minério de ferro batendo uma média de 130 dólares por tonelada no período, 30 por cento acima do 3T20, os preços de referência do minério de ferro com teor de 62 por cento, no qual a Vale consegue negociar com prêmio devido à qualidade do produto. Enxergamos um impacto positivo nas ações da companhia no curto prazo.
O desempenho do último trimestre confirma a expectativa positiva em relação à geração de caixa forte da companhia, que deve seguir em tendência de crescimento no primeiro semestre de 2021. Os preços do minério já estão na média acima de 160 dólares neste início de ano, devido à forte demanda chinesa.
O aumento de produção e vendas de Níquel e Cobre (dois dos metais mais cobiçados pelo mercado no momento – devido aos carros elétricos e componentes eletrônicos), também indica uma tendência positiva de melhora de margens para a Vale, apesar de participação menor no resultado da companhia (cerca de 12 a 15 por cento da receita total).
Não há dúvidas que do ponto de vista de fundamentos para 2021 a Vale está capturando um alinhamento de estrelas, com endividamento baixo, maturação de suas operações no Pará (onde produz o minério de maior qualidade e a custo decrescente) e preços no mercado internacional em patamares superiores aos custos de produção da companhia, resultando em uma geração de caixa excedente formidável, que deve se traduzir em um dividendo parrudo para os próximos períodos.
Um ponto de atenção no curto prazo é o valor final de indenização a ser negociado com o governo de Minas Gerais a respeito de Brumadinho que, em fato relevante ao mercado durante o pregão de terça-feira (03), a companhia confirmou avanços no acordo com as autoridades mineiras que devem se reunir para a assinatura dos termos da indenização. O mercado estima um valor intermediário entre o que a Vale ofereceu (29 bilhões de reais) e o montante pedido pelo governo de MG (52 bilhões de reais).
Outro ponto a se observar é a continuidade da demanda forte por minério e aço na China, que arrefeceu após sinalização do governo chinês de que poderia limitar o ritmo de produção de aço no país e paradas sazonais na produção industrial devido ao rigoroso inverno e o ano novo lunar chinês que ocorre em fevereiro, puxando os preços da commodity para baixo nos últimos dias, chegando a cerca de 145 dólares por tonelada.