A construtora MRV (MRVE3) divulgou, nesta quinta-feira (15), após o fechamento do mercado, seus resultados operacionais preliminares e não auditados relativos ao segundo trimestre de 2021.
Seus números vieram mistos, com destaque positivo para lançamentos e vendas líquidas, porém desapontando com uma geração de caixa mais contida.
Em relação às suas vendas líquidas, a companhia apresentou um recuo de 6,8% na comparação anual no seu segmento de baixa renda, totalizando um VGV (valor geral de vendas) de R$ 1,7 bilhão no trimestre.
Sua taxa de velocidade de vendas, medida pelo indicador VSO, também apresentou leve queda de 2,1 pontos percentuais, registrando 17,3% no período.
Já a Urba, empresa de loteamentos da MRV, apresentou um avanço de 19,7% no ano contra ano de suas vendas, reportando VGV de R$ 39 milhões no 2T21.
Ainda, a AHS realizou a venda de dois empreendimentos no trimestre (Lago Mangonia e Lago Osborne), totalizando um VGV de R$ 364 milhões.
No tocante aos seus lançamentos, o segmento de baixa renda apresentou um avanço de 87,9% no ano contra ano, totalizando um VGV de R$ 1,8 bilhão no T21.
A Urba também registrou forte alta de 685,5% na comparação anual, totalizando um VGV de R$ 77 milhões no trimestre devido a um projeto de loteamento no interior de São Paulo.
A geração de caixa da companhia, por outro lado, apresentou números desapontadores devido ao grande consumo de caixa nas operações no Brasil.
Além disso, a companhia optou por antecipar a aquisição de materiais de construção devido à alta dos preços de insumos.
Ela ainda contou com atrasos no recebimento de recebíveis da Caixa devido às mudanças burocráticas no banco.
Assim, a MRV exibiu queda de 281,1% no ano contra ano, registrando -R$ 116,8 milhões de reais no 2T21.
A Urba também apresentou queda, de 275,5% na comparação anual, reportando -R$ 24,3 milhões no período. A Luggo exibiu leve alta de 3,1% no ano contra ano (-R$ 26,7 milhões de reais) e a AHS reportou R$ 167,1 milhões no 2T21.
E Eu Com Isso?
A MRV entregou sólidos números operacionais no seu 2T21, com destaque para seus lançamentos e vendas líquidas.
De fato, como demais companhias do setor, a empresa optou por postergar seus lançamentos do primeiro trimestre, dado o agravamento do quadro da pandemia no início do ano e consequente aumento de restrições de fluxo urbano.
Essa decisão se refletiu nos números de lançamentos do 2T21, com os mesmo vindo fortes.
No entanto, a companhia decepcionou com uma geração de caixa mais fraca no período, desanimando investidores.
Dessa forma, esperamos uma reação neutra das ações da companhia (MRV3) para o resultado reportado.
Para as empresas do setor de real estate, estimamos que os principais fatores de risco sejam oriundos do cenário macroeconômico.
Em suma, as projeções de continuidade da elevação de juros nos próximos meses e o prêmio embutido nos vértices mais longos da curva de juros são negativos para o setor, pois encarecem e limitam o acesso ao crédito imobiliário para aquisição de imóveis não subsidiados, fora do Programa Casa Verde e Amarela.
Para o segmento de baixa renda, ainda vemos um cenário desafiador devido ao aumento dos custos de construção, o que deve se refletir em margens bruta mais contidas por um tempo.
—
Este conteúdo faz parte da nossa Newsletter ‘E Eu Com Isso’.
—