O ambiente político conturbado nos Estados Unidos tem levado as empresas americanas a se posicionarem sobre o assunto, mesmo que isso signifique algum impacto marginal negativo no seu negócio no curto prazo.
Na última semana, por exemplo, Amazon, Apple e Google suspenderam os serviços que prestavam para a Parler, uma rede social “paralela” ao Twitter e muito difundida entre apoiadores de Trump. Como ela estava hospedada na AWS (Amazon Web Services), o portal saiu do ar. Mesmo que consiga contratar outro serviço de hospedagem, o seu app não estará disponível na App Store da Apple, tampouco aparecerá nas buscas do Google.
O Twitter baniu permanentemente a conta oficial do presidente republicano Donald Trump, e suas ações TWTR recuaram quase 5 por cento ao longo da última semana. As redes sociais Facebook e Instagram também o bloquearam, porém de forma temporária.
Além disso, outras gigantes do mercado americano, como a AT&T, Comcast, General Eletric, ConocoPhillips, Dow Inc, UPS, Facebook e a própria Amazon estão decidindo pela suspensão das doações de campanha em prol de políticos Republicanos (PAC Donations) que se mostraram contrários à certificação da vitória de Joe Biden na última semana.
Os protestos realizados na última semana dentro do congresso americano estão interferindo nas práticas dos “negócios”, fenômeno mais observável nas grandes companhias listadas no ambiente de bolsa por lá.
E Eu Com Isso?
O clima político conturbado nos Estados Unidos aumentou a aversão ao risco nas últimas sessões. Novos acontecimentos, como desdobramentos associados ao possível Impeachment de Donald Trump, podem trazer mais alguma volatilidade no curto prazo.
As empresas que administram redes sociais, como o Twitter e o Facebook, temem ter a sua plataforma relacionada com postagens e interações de cunho antidemocrático. Por este motivo, alegam que Trump violou as regras da plataforma por utilizar frases que incitariam a violência.
Nós acreditamos que o posicionamento das empresas no que tange aos aspectos políticos, sociais e ambientais é uma tendência para o século. Veremos, cada vez mais, grandes empresas engajadas em tais assuntos.
O debate mais profundo é se o envolvimento com estas questões – ou de forma mais ampla, aos pilares do ESG – será de fato uma “nova forma de fazer negócios” ou mera demagogia “para inglês ver”.
Independente disso, alguns estudos já indicam que empresas com alguma ligação estabelecida com os dos pilares de respeito ao meio ambiente, ao social e às boas práticas de governança conseguem ostentar menor custo de capital próprio e também de terceiros, reduzindo a sua taxa de desconto e consequentemente elevando o valor intrínseco das suas ações.