A expressão “mar vermelho” pode ser empregada sem exageros aos pregões internacionais. Na tarde da quarta-feira, os mercados internacionais iniciaram um movimento de correção que se estendeu pela madrugada desta quinta-feira (06) e ainda não chegou ao fim.
Em Tóquio, o índice Nikkei caiu 2,88%, queda semelhante à da bolsa na Austrália. Em Seul, as ações recuaram 1,13%. As bolsas chinesas também fecharam com queda. E, no início desta manhã, os principais pregões europeus também estavam em baixa, com quedas superiores a 1%.
Esse movimento sucedeu quedas variadas em Wall Street. Foram baixas de 1% no índice Dow Jones, de 2% no S&P 500 e de mais de 3% no Nasdaq. Por aqui, o Ibovespa caiu 2,4% e por pouco não fechou abaixo de 101 mil pontos.
Tudo isso foi provocado por um único fato. Foi a divulgação, pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, das minutas da reunião do Fomc (Federal Open Market Committee), realizada em dezembro. No documento, publicado na tarde da quarta-feira, o Fed confirmou as projeções de boa parte dos investidores de que deverá elevar os juros já no próximo mês de março.
No entanto, a minuta trouxe uma surpresa desagradável ao informar, claramente, que o banco central americano vai começar a reduzir seu balanço, atualmente em US$ 8,3 trilhões. “Quase todos os participantes [da reunião do Fomc] concordaram que provavelmente seria apropriado iniciar a redução do balanço em algum momento após o primeiro aumento [dos juros]”, dizia o texto, usando um tom muito mais enfático do que o habitual.
Mais do que isso, houve várias declarações de membros do Fomc de que a política monetária expansionista colocada em prática nos primeiros dias da pandemia não era mais “garantida nem justificada”. Durante a reunião do Fomc, vários participantes expressaram sua preocupação com o aumento da inflação, que está nos níveis mais elevados em 40 anos, ao mesmo tempo em que consideram que o mercado de trabalho está próximo do pleno emprego.
A reunião de dezembro manteve os juros referenciais americanos perto de zero. No entanto, a minuta da reunião indicou que o Fomc prevê uma alta de até 0,75 ponto percentual neste ano, em três elevações de 0,25 ponto percentual. A projeção é de um movimento semelhante em 2023, e mais dois aumentos em 2024. Assim, os juros atualmente em zero podem chegar a 2% ao ano em pouco mais de dois anos, o que representa uma alteração drástica em relação ao cenário atual.
Relembrando como o Fed chegou aqui. As medidas de estímulo à economia postas em prática no início do ano passado se apoiavam em dois pilares. Um deles foi a manutenção dos juros perto de zero. Outro foram injeções diretas de dinheiro no sistema financeiro, por meio da compra de US$ 120 bilhões por mês em títulos públicos e em papéis lastreados por hipotecas. Com isso, o balanço do Fed inflou. Sua carteira de títulos praticamente duplicou, indo de US$ 4,7 trilhões para os atuais US$ 8,3 trilhões em menos de dois anos.
Agora, o Fed avalia que chegou a hora de começar a vender esses títulos, o que vai retirar dinheiro da economia. Essa perspectiva de aperto monetário levou às quedas das últimas horas.
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros do Ibovespa estão iniciando a sessão em uma leve alta, como uma reação à desvalorização excessiva da véspera.
No entanto, os mercados internacionais ainda estão digerindo a minuta da reunião do Fomc, o que pode levar a novos movimentos de ajuste. Assim, não se descarta uma sessão marcada por volatilidade elevada.
As notícias são positivas para a Bolsa em um cenário de volatilidade.
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