A manhã desta quinta-feira deverá confirmar uma expectativa que vem preocupando essa entidade chamada mercado. Por volta das 10h30, hora de Brasília, o BLS (Bureau of Labor Statistics) deverá divulgar a inflação ao consumidor de janeiro nos Estados Unidos, medida pelo CPI (Consumer Price Index). Os prognósticos são de um aumento de 0,5% nos preços no primeiro mês do ano. Se isso se confirmar, a inflação acumulada em 12 meses estará em 7,3%, a maior variação em 12 meses desde os 7,62% registrados em fevereiro de 1982.
A inflação americana tem, literalmente, bastante combustível. No caso, sua escassez. Na quarta-feira (09), a EIA (Energy Information Administration), agência do governo que acompanha os dados do setor, informou que os estoques americanos de petróleo cru diminuíram 4,8 milhões de barris na semana encerrada no dia 4 de fevereiro. A média das expectativas dos investidores era de um aumento de 100 mil barris. Segundo a EIA, o estoque de gasolina encolheu 1,6 milhão de barris nesse período, ante expectativas de um aumento de 1,4 milhão de barris. A diferença entre o esperado e o registrado são 3 milhões de barris.
Com isso, há poucos motivos para acreditar em uma queda dos preços desse insumo. Na manhã desta quinta-feira, os contratos futuros com vencimento em março do petróleo do tipo West Texas Intermediate (WTI), referência para o mercado americano, valiam US$ 90,10, alta de 0,49% ante a quarta-feira. No caso do petróleo do tipo Brent, que regula o mercado europeu e é referência para a Petrobras, os contratos com vencimento em abril eram negociados a US$ 91,81, alta de 0,28% em relação à véspera. Petróleo em alta aumenta os custos da energia e do transporte, fenômeno que se espalha pelos demais setores da economia. Isso torna a inflação persistente e, em economias com instituições fortes, leva os bancos centrais a agir para conter o avanço dos preços. É o que está ocorrendo nos Estados Unidos neste momento.
Não há dúvidas de que os juros americanos vão subir. A dúvida é quando, e com qual velocidade. Em sua próxima reunião, agendada para os dias 15 e 16 de março, o Fomc (Federal Open Market Committee), o Copom americano, deverá anunciar várias medidas. O fim das medidas de estímulo à economia, que fizeram o balanço do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, subir de US$ 4,5 trilhões para US$ 8,8 trilhões. Os planos para desinflar esse mesmo balanço, vendendo títulos e drenando dinheiro da economia. E, cada vez mais provavelmente, uma elevação dos Fed Funds, equivalente americano da taxa Selic.
Atualmente o Fed Funds estão em zero. Até há poucas semanas, a expectativa mais frequente era de quatro elevações de 0,25 ponto percentual, com os juros encerrando 2022 a 1% ao ano. No entanto, as apostas de uma política monetária mais dura por parte do Fed vêm aumentando. Por exemplo, cinco altas de 0,25 ponto percentual nas taxas. Ou mesmo uma ou duas elevações de 0,5 ponto percentual, com os Fed Funds chegando a dezembro em 1,5% ao ano.
Pode parecer uma diferença irrisória, ainda mais quando se pensam nas correções de 1,5 ponto percentual realizadas sem dó nem piedade em uma única reunião pelo Copom (Comitê de Política Monetária). Porém, o sistema financeiro e a economia americanas são muito mais alavancados do que no Brasil, o que amplifica o impacto de pequenas mudanças nas taxas. E, dada a maturidade da economia, as margens de lucro são muito mais estreitas. Assim, uma alteração tão dramática nas taxas pode ter consequências graves. Daí o interesse com que o CPI de janeiro será acompanhado nesta manhã.
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros de Ibovespa estão em leve alta, ao passo que os contratos futuros do índice americano S&P 500 permanecem em queda, à espera da inflação de janeiro. A divulgação do índice de preços poderá provocar volatilidade no mercado pois vai afetar as expectativas para os juros americanos.
As notícias são positivas para a Bolsa em um cenário de volatilidade.
—
Este conteúdo faz parte da Newsletter ‘E Eu Com Isso’.
—