Na noite de ontem (10), após o fechamento de mercado, a BR Distribuidora divulgou seus resultados do terceiro trimestre de 2020.
Os números vieram fortes, devido à recuperação do volume de vendas de combustíveis para seus principais segmentos de atuação (Postos e Grandes consumidores) em relação ao trimestre anterior, o mais severo em termos de isolamento social e medidas de prevenção à pandemia.
Os principais destaques positivos foram:
i) Crescimento de vendas totais de 20,8 por cento em relação ao 2T20, puxados pelo Ciclo Otto (Gasolina e Etanol), diesel e coque, com aumento de 31,4 por cento, 18,2 por cento e 33,9 por cento respectivamente.
ii) Ebitda de 834 milhões de reais (métrica de geração de caixa potencial), crescimento de 1,8 por cento em relação ao terceiro trimestre do ano passado e indicador Ebitda por volume vendido de 88 reais por metro cúbico, um dos maiores patamares desde a sua abertura de capital.
Já os destaques negativos ficam com:
i) Volumes ainda baixos de vendas para o segmento de Aviação, ainda 58,5 por cento abaixo do registrado no 3T19, apesar da forte recuperação em relação ao trimestre anterior de 158 por cento.
ii) Despesas operacionais maiores devido ao provisionamento realizado para a compra de Créditos de descarbonização (CBios), de acordo com a meta regulada pela legislação da RenovaBio, já vigente, de 111 milhões de reais.
Os resultados da BR vieram bastante fortes, com a rentabilidade acompanhando a recuperação do volume de vendas. A margem Ebitda por metro cúbico ainda segue ligeiramente abaixo de seus pares diretos (Raízen com postos Shell e Ultrapar (UGPA3) com Ipiranga) que operam na faixa de 100 reais por metro cúbico. Acreditamos que o resultado tenha um impacto positivo no preço das ações (BRDT3) no curto prazo.
A empresa vem executando uma estratégia de melhora de margens trimestre a trimestre, com adoção de tecnologias, melhoria de contratos de venda e expansão gradual de sua rede de postos. Se não fossem pelos efeitos da nova regulamentação da RenovaBio (que impõe uma meta anual de compra de Créditos Carbono CBios emitidos pelos produtores de Biocombustíveis) as margens teriam alcançado 100 reais por metro cúbico, um excelente número para a companhia.
Em setembro a companhia pagou em torno de 1,1 bilhão de reais em dividendos, aproximadamente 4,5 por cento de retorno (dividend yield), um valor alto considerando uma empresa de distribuição que possuem margens apertadas. Mesmo assim a alavancagem financeira (Dívida Líquida por Ebitda) está em 1,3 vezes, um nível confortável e saudável para a companhia. Além disso a companhia obteve sucesso em alongar o perfil de suas dívidas com prazo médio de vencimento passando de 1,8 anos no 3T19 para 2,4 anos neste trimestre e reduzindo o custo médio de 6,3 por ano para 4,9 por cento ao ano.
Os principais pontos de observação na tese da companhia é a continuidade do crescimento de volumes acompanhado de melhora de margens e a distribuição de dividendos mais robustos que os pares do mercado.
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