Na noite desta segunda-feira (22), a Marisa divulgou os resultados do 4T20 e do consolidado do ano de 2020, após o fechamento de mercado.
Os números seguem melhorando gradualmente, porém ainda com fortes impactos negativos da pandemia, que limitou o fluxo de pessoas nas lojas, pressionando as margens, apesar do processo de reformulação operacional em curso na companhia.
Os principais destaques positivos ficam com:
i) Crescimento das vendas na plataforma digital de 64 por cento no 4T20, representando 9,2 por cento das vendas de varejo. No ano as vendas via plataforma digital representaram 13,4 por cento das vendas totais de varejo, alcançando 134 milhões de reais.
ii) Redução estrutural das despesas operacionais, com queda de 12,1 por cento no ano de 2020, amortecendo a perda mais brusca de rentabilidade da companhia devido à pandemia.
Os pontos negativos do resultado foram:
i) Queda de 6,7 pontos percentuais na margem bruta do trimestre, chegando a 42,1 por cento contra 48,8 por cento do 4T19. No ano, a margem bruta ficou em 39,5 por cento, queda de 7,3 pontos percentuais em relação ao ano fechado de 2019. O lucro bruto no ano sofreu queda de 37,5 por cento, chegando a 659,7 milhões de reais, explicado pela redução da receita líquida em 26 por cento e execução do plano de redução estrutural de estoques, pressionando as margens.
ii) Prejuízo líquido de 29 milhões de reais no 4T20, acumulando um total de 432,2 milhões negativos no ano de 2020. Além disso, a companhia consumiu cerca de 200 milhões de reais em caixa, apesar da geração positiva de caixa das operações, porém insuficientes para cobrir os investimentos e amortizações de empréstimos.
E Eu Com Isso?
No ano, as ações da companhia (AMAR3) acumulam um retorno negativo de 19,68 por cento contra 3,39 por cento negativos do Ibovespa. Mesmo assim, esperamos um impacto negativo no curto prazo no preço das ações da companhia, com os resultados abaixo do esperado.
Olhando a empresa de forma isolada e em um horizonte de tempo mais longo, a companhia parece estar ganhando uma forma diferente dos anos anteriores, reformulando gradualmente seu mix de produtos, perfil de lojas e entrando mais forte nas operações de multicanal integradas (omnichannel), com iniciativas já conhecidas no varejo como “Click e Retire”, Ship from store (envio de pedido da própria loja) e aplicativo voltado para vendas.
No curto prazo os resultados ainda sofrem mais comparativamente às suas concorrentes do varejo de moda, com crescimento mais modesto das vendas digitais (2 dígitos contra 3 dígitos das principais concorrentes), consumo de caixa em patamares altos, mesmo com liberação de capital de giro com a redução estrutural de estoques.
Apesar dos resultados sem muita empolgação, já há melhoras na margem bruta (um dos principais indicadores financeiros do setor de varejo) em dezembro, o que indica que os primeiros efeitos da reformulação começam a aparecer, sobretudo pela conclusão do plano de redução de estoques em mais de 30 por cento do volume, o que torna a operação mais enxuta e melhora o giro de ativos.
Com a vacinação no país em curso, podemos esperar uma recuperação mais forte do setor de varejo a partir do segundo semestre, o que seria o principal gatilho positivo para as ações da companhia.
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