Na tarde de terça-feira (17), na Assembleia Geral Extraordinária da Linx, os acionistas aprovaram a proposta de aquisição da companhia pela Stone, encerrando uma disputa travada com a Totvs (TOTS3) desde agosto deste ano.
Foram computados 55,95 por cento de votos a favor, 20,01 por cento contra e 3,59 por cento de abstenção. Ajudou na aprovação a decisão do colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na noite da sexta-feira passada (13), autorizando o voto do trio de fundadores e controladores da Linx, detentores de 28,4 por cento da parcela que votou a favor da proposta da Stone.
A Stone, em um último movimento antes da votação, aumentou o valor total da proposta com um pagamento adicional de 268,6 milhões de reais em dinheiro e mais 0,0126774 ação classe A da Stone, negociados na Nasdaq (Bolsa de Valores norte americana).
Com o atual valor de mercado da Stone de 20,6 bilhões de dólares, o valor final da proposta chega a 6,8 bilhões de reais, representando aproximadamente 38,06 reais por ação da Linx.
As ações da Linx (LINX3) oscilavam em leve queda de 0,63 por cento no início do dia, sem muita movimentação, porém após a aprovação da proposta, saltaram cerca de 4 por cento para cima, fechando o dia em alta de 2,8 por cento a 36,02 reais por ação.
Acreditamos que as ações já precificaram grande parte da proposta aprovada e não devem ocorrer grandes movimentações daqui em diante, considerando a incerteza na aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e o desconto da taxa de juros de carregamento até a aprovação de fato (estimado em cerca de três a seis meses). O que pode desencadear movimentos, mesmo que pequenos, é a arbitragem no preço das ações da Stone (cotadas na Nasdaq, em dólares) que fazem parte do pagamento.
A proposta inicial da Stone já vinha sendo questionada por alguns acionistas minoritários da Linx como o Itaú Asset, a gestora Fama, questionando o bônus adicional à oferta – oferecida somente aos controladores pela Stone – e pela Totvs que afirmou que já estava em conversa antes da proposta realizada pela Stone em agosto.
No mês de outubro, em resposta à melhora da proposta inicial da Totvs, a Stone eliminou a multa de 151 milhões de reais em caso de não aprovação pelos acionistas e aumentou o valor final da proposta.
Apesar das tentativas da Totvs em seguir na disputa, em outubro, os conselheiros independentes da Linx, incumbidos de avaliar as duas propostas, recomendaram o prosseguimento da votação da apenas da proposta da Stone em assembleia, pela falta de documentos e a CVM negou os pedidos dos minoritários em adiar a votação desta proposta a fim de contemplar a última oferta realizada pela Totvs.
A aquisição ainda depende da avaliação do Cade. Porém o CEO da Stone, Thiago Piau, afirmou estar confiante com a aprovação, alegando ser uma operação complementar. A Linx possui uma base de cerca de 50 mil clientes no varejo, no Brasil e no Exterior, operando sistemas de gestão integradas. O negócio dará à Stone acesso à cerca de 45 por cento dessa base diretamente, entrando em um mercado ainda pouco penetrado pela empresa, que atua no segmento de soluções em meios de pagamento, em grande parte via maquininhas (adquirência).
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