Vou retornar às aulas de Física, mais especificamente às de Cinemática, dos tempos de ensino médio. O movimento de um corpo sólido era provocado pela resultante vetorial das forças que atuavam sobre ele. Assim, se houvesse uma força empurrando o sólido para a frente e outra força semelhante a empurrá-lo para trás, o sólido permaneceria parado. Essa é uma boa imagem para prever o movimento do mercado nesta terça-feira. A B3 volta às atividades hoje após três dias inativa, devido ao feriado da fundação da cidade de São Paulo. E há vários vetores, tanto positivos quanto negativo, a atuar sobre o Ibovespa.
No lado positivo, a chegada de 10 milhões de novas doses da vacina da AstraZeneca para a Fiocruz e de 5,4 mil litros de insumos chineses para o Butantan, para a fabricação da Coronavac devem animar os investidores. Além disso, a defesa da rigidez fiscal realizada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em um evento na manhã desta terça-feira também aliviou bem as tensões dos investidores.
No lado negativo, a saída do presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, derrubou os papéis da estatal elétrica negociados em Nova York e deve pressionar as cotações nesta terça-feira. A estatal é importante na composição do Ibovespa, e a saída do executivo pode tornar ainda menos provável sua privatização.
Quais serão os vetores a dominar o movimento do mercado nesta terça-feira? A princípio, a expectativa de melhora das condições da economia devido a uma possível aceleração da vacinação poderia sustentar as cotações. No entanto, após a queda das cotações brasileiras nos EUA no dia de ontem, a somatória das pressões vetoriais de alta e de baixa pode resultar em um movimento negativo.
Ata do Copom
O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou nesta terça-feira a Ata da 236ª Reunião do Comitê, realizada na semana passada. Sem muitas novidades, a Ata confirma o que disse o Comunicado, divulgado no dia 20 de janeiro: que há pressões inflacionárias e que o Comitê não considera, por enquanto, que a taxa Selic ficará estável no longo prazo. Ao contrário, ele assume as projeções do Boletim Focus, que indicam juros de 3,25 por cento em dezembro de 2021 e de 4,75 por cento ao ano em dezembro de 2022.
Indicadores I
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação oficial, caiu para 0,78 por cento em janeiro após registrar 1,06 por cento em dezembro de 2020. Foi o maior resultado para um mês de janeiro desde 2016, quando o índice foi de 0,92 por cento. Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 4,30 por cento, acima dos 4,23 por cento registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2020, a taxa foi de 0,71 por cento. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Indicadores II
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 2,7 pontos em janeiro, para 75,8 pontos, menor valor desde os 71,1 pontos de junho de 2020. A média móvel trimestral recuou 2,2 pontos, na segunda queda consecutiva. A percepção piorou tanto para o momento atual quanto para as expectativas futuras. O Índice de Situação Atual (ISA) cedeu 1,6 ponto, para 68,1 pontos, o menor nível desde os 65,0 pontos de maio de 2020. O Índice de Expectativas (IE) recuou pelo quarto mês consecutivo, desta vez em 3,5 pontos, para 82,1 pontos.
O Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu 1,4 ponto em janeiro para 92,5 pontos, nível próximo ao observado em fevereiro de 2020, período anterior à pandemia. Em médias móveis trimestrais, após seis altas consecutivas, o índice recuou neste primeiro mês de 2021, ao cair 0,9 ponto, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV).
E Eu Com Isso?
O retorno dos negócios na terça-feira, após três dias sem pregões, mas com noticiário a todo vapor, deve trazer um cenário de volatilidade de curto prazo para as ações. Tudo indica um movimento negativo em um cenário de volatilidade.