A Eneva informou ter apresentado nesta quinta-feira (23) à BNDESPar, braço de participações do BNDES, uma proposta de combinação de negócios com a AES Tietê, melhorando sua oferta anterior, com objetivo de facilitar a saída do BNDES, dono de 28 por cento do capital da empresa.
A Eneva está propondo pagar 10 por cento do valor em dinheiro — 728 milhões de reais — e 90 por cento numa troca de ações.
Se o BNDES aceitar a oferta, ela será estendida a todos os acionistas da Tietê, que então darão a palavra final na criação de um gigante setor elétrico com 23 bilhões em valor de mercado.
A nova proposta da Eneva chega na data limite estipulada pelo BNDES para receber propostas por sua fatia na empresa.
Caso a proposta seja aceita pela BNDESPar, a Eneva vai submeter à administração da AES Tietê um novo plano de incorporação envolvendo as duas companhias, com relação de troca correspondente a 0,065 novas ações ordinárias de emissão da Eneva para cada ação ordinária ou preferencial de emissão da AES Tietê, ou de 0,327 por unit.
A reação do mercado à proposta foi positiva nesta quinta-feira (22), pois as ações da Eneva (ENEV3) subiram 1,3 por cento, com estabilidade nas ações da Tietê (TIET11), enquanto o Ibovespa recuou 1,9 por cento no mesmo período.
A nova proposta avalia cada unit da AES Tietê em 18,88 reais, 10 por cento acima do fechamento de ontem e 12,85 por cento acima da oferta anterior. Entretanto, acreditamos que o BNDES não deverá aceitar a proposta da Eneva, pois o pagamento em dinheiro é de apenas 10 por cento do valor da proposta.
Dessa forma, esperamos impacto neutro no preço das ações da Eneva (ENEV3) e Aes Tietê (TIET11) no curto prazo, pois acreditamos que esta notícia já está no preço.
O CEO Pedro Zinner e o CFO da Eneva, Marcelo Habibe, disseram que a nova proposta é melhor do que a anterior porque a Eneva identificou mais sinergias. Na proposta original, submetida em março, a Eneva propunha pagar 40 por cento do valor em dinheiro e apenas 60 por cento em ações.
Os atuais acionistas da Eneva passariam a deter 70 por cento da nova companhia, com atuais acionistas da Tietê ficando com o saldo. Na “Nova Eneva”, a Cambuhy, veículo de investimento dos Moreira Salles (Itaú Unibanco), e o BTG Pactual ficariam com 16 por cento cada, Os três maiores acionistas – Atmos, Dynamo e VELT Partners – somariam juntos cerca de 10 por cento.
Há notas na imprensa dizendo que a AES Tietê se prepara para uma guerra judicial contra a Eneva. Zinner rebateu, afirmando que a Tietê e a AES Corp. não adotam boas práticas de governança corporativa, por terem tentado anular os direitos de voto dos acionistas preferencialistas dessas empresas. Zinner também afirmou que, se a proposta for recusada pelo BNDES, a Eneva não buscará outros caminhos para uma fusão com a Tietê.
Uma alternativa para o BNDES seria vender a sua participação na companhia para a AES Corp, empresa americana principal acionista da Tietê.
Por último, acreditamos que a fusão entre Eneva e AES Tietê tem baixa probabilidade de ocorrer nas condições apresentadas.
–
* Este conteúdo faz parte do nosso boletim diário: ‘E Eu Com Isso?’. Todos os dias, o time de analistas da Levante prepara as notícias e análises que impactam seus investimentos. Clique aqui para receber informações sobre o mercado financeiro em primeira mão.