Corte será de 9,7 milhões de barris por dia
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciou, na noite do domingo (12), que os principais países produtores chegaram a um acordo para reduzir a extração de petróleo em até 9,7 milhões de barris por dia. O corte, que equivale a quase 10 por cento dos 100 milhões de barris produzidos diariamente em todo o mundo, vai valer para os meses de maio e de junho. Em uma versão preliminar do comunicado da Opep havia a intenção de aumentar o corte para 20 milhões de barris por dia a partir de julho, mas essa informação foi retirada da versão final do comunicado.
A intenção do acordo é sustentar os preços da commodity de maneira a não comprometer a saúde financeira das empresas petrolíferas e dos países que têm no petróleo o item mais importante de sua pauta de exportações. O acerto só foi obtido após um fim de semana de negociações intensas entre Arábia Saudita e Rússia, com a participação direta do presidente americano, Donald Trump.
O corte na produção visa conter a queda dos preços provocada pela epidemia do covid-19. A estimativa é que, apesar de a oferta ter permanecido estável, a demanda por petróleo encolheu cerca de 35 por cento desde o início do ano, devido à desaceleração das atividades econômicas em todo o mundo. Com isso, o preço do barril despencou. No início deste ano, o petróleo referencial do tipo Brent estava cotado a 55 dólares por barril. No início de abril, as cotações haviam recuado para cerca de 21 dólares por barril, o menor preço desde 2001.
Embora o corte planejado seja ligeiramente menor do que um pacto provisório alcançado na última quinta-feira (9), o acordo deve trazer algum alívio às economias em dificuldades no Oriente Médio e na África e às empresas globais de petróleo, incluindo empresas americanas que empregam direta e indiretamente 10 milhões de trabalhadores.
Com o anúncio do acordo, os contratos futuros do Brent subiram 2,7 por cento para 32,65 dólares por barril, mas, no início da manhã (hora de Brasília), as cotações haviam cedido para 31,14 dólares por barril. O temor dos especialistas é que mesmo esse corte – que é quase o dobro do corte decidido durante a crise de 2008 – seja insuficiente para sustentar os preços.
O comportamento das ações na abertura dos mercados mostra que o acordo do petróleo não foi suficiente para definir uma tendência de alta. Os pregões europeus avançam significativamente. O índice Dax, da bolsa de Frankfurt, está em alta de 2,44 por cento, e o britânico FTSE sobe 2,90 por cento. Na Ásia, porém, os mercados caíram. O índice Kospi, da Bolsa de Seul, caiu 1,88 por cento e em Tóquio o Nikkei recuou 2,33 por cento.
Os contratos futuros de S&P 500 indicam uma queda de 0,45 por cento e os contratos futuros do Ibovespa começaram o dia com uma queda de 1,53 por cento.
O acordo obtido pela Opep para reduzir a produção do petróleo e sustentar os preços da commodity deve oferecer um alívio para as empresas do setor. Como o desempenho das empresas do setor são importantes, isso deverá proporcionar algum combustível para a alta. No entanto, as atenções começam a se voltar para os números do primeiro trimestre das empresas, que deverão começar a ser divulgado nos próximos dias e deverão mostrar o impacto da desaceleração econômica decorrente da pandemia sobre os balanços. Mais uma vez, espera-se um dia de volatilidade.
INDICADORES – A mais recente edição do Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) na manhã desta segunda-feira (13) mostra que as expectativas para o comportamento da economia continuam piorando. Nesta edição, o prognóstico para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro piorou para uma retração de 1,98 por cento, ante uma queda de 1,18 por cento prevista na edição anterior, de 6 de abril. Há quatro semanas, o prognóstico era de um crescimento de 1,68 por cento.
A expectativa de inflação também caiu. Segundo a edição mais recente do Focus, o prognóstico para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2020 caiu para 2,52 por cento, ante 2,72 por cento na edição anterior e 3,20 por cento há quatro semanas.
A meta para a taxa de câmbio subiu de 4,50 reais para 4,60 reais, e a meta para a taxa de juros referencial Selic permaneceu inalterada
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