A semana que prometia ser calma, com os pregões desacelerando devido à aproximação dos feriados de fim de ano, começou agitada. Um movimento generalizado de queda derrubou as cotações das ações na Europa. Nem mesmo a muito protelada aprovação, pelo Congresso dos Estados Unidos, de um pacote de ajuda de 900 bilhões de dólares à economia americana, serviu para animar os investidores. O que derrubou as cotações foram novas, mais duras e de certa forma inesperadas medidas de isolamento social adotadas pelo governo britânico, para conter a propagação de uma variante do coronavírus mais contagiosa que a que vem se espalhando desde a virada do ano.
As medidas limitaram as viagens para e a partir do Reino Unido endureceram as medidas de isolamento social e frustraram o Natal de boa parte dos europeus. Como resultado, é claro, as ações desabaram. No início da manhã, o índice FTSE da Bolsa de Londres estava em queda de 2,2 por cento e o índice da Dax, da bolsa de Frankfurt, caía 2,8 por cento.
Fim dos tempos? Longe disso. Colocando as notícias em perspectiva, é possível observar que a queda abrupta desta segunda-feira não anulou os ganhos da alta acumulada das últimas semanas. Ao contrário, o movimento inicial indica que a queda é uma correção saudável após as fortes altas de novembro e dezembro.
Apesar do susto com uma possível volta das medidas de isolamento em um patamar severo, o processo de imunização prossegue. Na sexta-feira (18), a Food and Drug Administration (FDA) americana aprovou a vacina produzida pelo laboratório Moderna. Além disso, países bastante afetados pela pandemia, como Espanha e Israel, devem iniciar a vacinação em massa ainda neste ano. Ou seja, o processo de defesa social não foi interrompido.
O temor de uma “nova Covid” empanou o impacto positivo das medidas aprovadas pelo Congresso americano na noite do domingo (20). Os senadores aprovaram uma extensão do prazo para votar o orçamento, evitando assim uma interrupção das atividades governamentais (“government shutdown”). Além disso, foram estabelecidos pagamentos diretos mensais de 600 dólares para praticamente todos os cidadãos dos Estados Unidos e uma complementação de 300 dólares por semana ao auxílio desemprego. Também foram aprovados auxílios para empresas dos setores mais atingidos pelas medidas restritivas, para escolas, profissionais de saúde e inquilinos ameaçados de despejo.
Relatório Focus
Em sua penúltima edição deste ano, o relatório Focus, do Banco Central (BC), mostra mais uma elevação nas estimativas para a inflação. O IPCA previsto para o ano avançou para 4,39 por cento, ante os 4,35 por cento da edição anterior e dos 3,45 por cento registrados há quatro semanas. O prognóstico para o Produto Interno Bruto (PIB) manteve-se praticamente estável, com a projeção de retração de 4,40 por cento, ante os 4,41 por cento de encolhimento da semana anterior. E o dólar previsto para dezembro voltou a recuar, caindo para 5,15 reais, ante os 5,20 reais da semana passada e dos 5,38 reais de há quatro semanas.
Indicadores
A expectativa mediana de inflação dos consumidores brasileiros para os próximos 12 meses subiu 0,4 ponto percentual em dezembro, para 5,2 por cento. Foi o maior aumento desde o 0,9 ponto registrado em dezembro de 2015. Em relação a dezembro de 2019, a mediana também subiu 0,4 ponto. Em dezembro, 41,4 por cento dos consumidores projetaram valores abaixo da meta de inflação para 2020 (4,0 por cento), a menor parcela nos últimos seis meses. Por outro lado, a proporção de consumidores projetando acima do limite superior da meta de inflação para 2020 (5,5 por cento) aumentou 2,2 pontos percentuais, de 33,8 por cento para 36,0 por cento, a maior parcela dos últimos seis meses.
E Eu Com Isso?
A queda era esperada para esta segunda-feira, mas é antes um movimento de correção após as fortes altas das últimas semanas do que uma reversão das tendências do mercado. Assim, o cenário negativo deverá ser de curta duração.